quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Confusão à gaúcha


Durante toda a semana passada a torcida do Grêmio planejou meticulosamente para “homenagear” o mais notório filho nascido das entranhas do Estádio Olímpico: Ronaldinho Gaúcho.  O craque, atualmente jogador do Flamengo, desligou-se em 2001 do tricolor dos pampas de forma pouco amigável e quando anunciou sua volta ao Brasil, depois de 10 temporadas no futebol europeu, causou um frisson na torcida gremista que ficou esperançosa na sua volta e esqueceu todas as mágoas do passado.

Depois de um longo leilão promovido por Assis, irmão e empresário de Ronaldinho – não necessariamente nesta ordem –, o R10 assinou um contrato de 5 anos com o rubro negro carioca por um salário milionário digno de craque de ponta nos maiores clubes europeus.  Este fato despertou uma fúria sem precedentes da metade azul de Porto Alegre e o ídolo cuja imagem ficara turva no passado, desta vez enegreceu de vez e a relação do jogador e torcida parece não ter mais jeito. Havia toda uma expectativa pela volta do Gaúcho externada principalmente pelo presidente do tricolor. 



Eu sinceramente não me lembro do Ronaldinho ter dito em alto e bom som que queria jogar no Grêmio de novo. Recordo que à época houve um boato no qual o jogador teria dito a um amigo que por ele jogaria no clube que o revelou, mas não o vi em público fazer tal declaração. Todo o processo conduzido por Assis foi muito astuto, poucas informações concretas foram passadas e todo dia aparecia uma notícia do Ronaldinho em uma equipe diferente. Um dia era o Palmeiras, no outro o Flamengo, depois o Grêmio e até o presidente do Corinthians veio dizer que as portas do Parque São Jorge estavam abertas para o craque, mas que os mosqueteiros paulistanos não iriam entrar em leilão.

Depois de alguns dias de novela, Ronaldinho assinou seu contrato com o Flamengo. Nada de errado no processo, até porque ele não tinha obrigação nem moral, nem profissional com o Grêmio. Ele é um atleta profissional que vai de acordo com a maré e se a proposta do Urubu da Gávea foi melhor, que vá jogar lá. Essa choradeira da torcida gaúcha é muito culpa da diretoria que ficava afirmando ter um acerto muito próximo e de já estar preparando o contrato. Exemplos de jogadores ídolos que vão jogar no exterior e não voltam ao clube que os consagrou acontece em todas as janelas de transferência e nem por isso a ficam chamando os atletas de pilantras.

Fernandão foi o capitão do Internacional na conquista do mundial de clubes, logo depois foi para o famigerado mundo árabe e quando retornou ao País foi jogar no Goiás e não no Inter que não o quis. Isso foi uma decisão profissional e hoje Fernandão faz parte da comissão técnica do Inter. Não é todo dia que aparece um jogador como o Juninho Pernambucano, que topou jogar por um salário mínimo até provar que tinha condições de defender a altura o clube que o projetou mundialmente. Aliás, desconheço outro caso semelhante a esse do camisa 8 do Vasco da Gama.

Dentro do estádio a torcida pode vaiar, xingar e tentar “fazer tremer” o seu adversário, mas por ser adversário, não por ter partido o coração mole do torcedor. Eu sempre digo que jogador que não tem gana de entrar em campo e se matar no gramado pelo meu time pode pegar a porta da rua, que não faz falta nenhuma. Jogador bom é aquele que faz o que gosta e o realiza com vontade, garra e determinação e não puramente por uma suposta questão de querer enterrar um passado mal resolvido.