Desde a vitória sobre o Sport, que fechou o caixão
rubro negro e mandou o rival para a segundona, a torcida do Náutico não
para de comemorar. Os timbus tem que realmente comemorar, porque faz 44
anos que não disputa uma competição continental e a vitória sobre o
Sport classificou o Náutico para jogar, pela primeira vez, a Copa Sul
Americana.
Uma das coisas que mais faz parte é a brincadeira, a tiração de sarro
com o rival derrotado e rebaixado, mas quando as comemorações pelo
insucesso do rival passam a ser mais celebrados que o triunfo do seu
próprio time aí eu começo a ver alguns problemas.
O Náutico é um time que tem uma história de um passado muito
vitorioso, sendo o único de Pernambuco a conquistar seguidamente seis
campeonatos estaduais, o famigerado e amplamente comemorado hexa, mas
fazer disto a maior glória de um clube com mais de 100 anos e acredita
ser grande é muito pouco. Um feito alcançado há mais de 40 anos e que
serve como “argumento” toda vez que o torcedor alvirrubro não tem
justificativa ou resposta. Ganhar seis vezes seguidas um campeonato
disputado com outras duas equipes de nível semelhante é algo memorável
(eu mesmo comemorei muito os dois penta campeonatos que EU VI o Sport
ganhar).
O Sport quer superar a marca não para se igualar ao Náutico, pois é o
alvirrubro que tem comer muito feijão com arroz para nos alcançar.
Queremos é acabar com a arrogância tola de se vangloriar por um título
estadual. Não que o torcedor do Sport não o seja, mas quando ganharem os
mesmos troféus que nós, talvez possam nos calar, se não tivermos
conquistado outros troféus de grande importância (o que, covenhamos, é
pouco provável).
O pior é saber que muitos desses defensores desta grande sequencia de
títulos estaduais não sabem quem foram os atletas que conquistaram tal
êxito e, para piorar, não sabem nem em que ano foi. Para suprir esta
lacuna, eu vos digo, meu amigos: foi em 1967 e os jogadores que
participaram da maior conquista do Náutico são Lula, Valter Serafim,
Aloísio Linhares, Gena, Valdemir, Mauro, Fraga, Limeira, Clóvis,
Fernando, Zé Carlos, Rafael, Tadeu, Salomão, Ivan, Miruca, Paulo Choco,
Edgar, Nino, Lala, Lulu, Aloísio Costa, Iaponã, Bita e Ladeira.
Depois do Timaço de Nivaldo e Bizu, o Náutico passou a descer a
ladeira vertiginosamente e o Sport fez o caminho inverso e só fez subir.
A rivalidade, que nunca foi pequena, cresceu e, não sei se motivado por
inveja ou um sentimento do rico que fica pobre da noite para o dia, os
alvirrubros passaram a ter como missão torcer mais contra o Leão que a
favor do seu próprio time.
Talvez essa seja uma das razões para a esquadra da Rosa e Silva ter
passado 11 anos sem conquistar nenhum título, apenas o penta
vice-campeonato pernambucano, que claro não é comemorado pelo torcedor.
Depois disso, conquistou os títulos de 2001, 2002 e 2004; e de lá para
cá nada. Resumindo: de 1990 até 2012 (22 anos) foram 3 títulos
conquistados pela camisa alvirrubra, um rebaixamento do Sport e duas não
conquistas de Hexa pelo próprio rubro negro, sendo uma evitada pelo
Timbu e outra pelo Santa Cruz.
Eu entendo que uma torcida cuja glória é torcer contra o adversário,
que ela considera um inimigo, comemore tão efusivamente e, mais do que
sua classificação para uma competição sul americana, a desgraça do
rival. A comemoração nos Aflitos teve uma cereja, mas faltou o
principal, um troféu.
Eu, na qualidade de torcedor do Glorioso, Vitorioso, Gigantesco e
Maior campeão do Estado, Sport Club do Recife, não consigo entender como
se vibra mais contra o outro que a favor de si. Meu time me dá muitas
alegrias.
Nos meus 32 anos, vi o Leão levantar 3 troféus nacionais, 2 da
Copa do Nordeste, 18 campeonatos estaduais, incluindo dois penta
campeonatos. Ou seja, eu normalmente estive comemorando e não amargando
decepções e nunca tive tempo de me preocupar com o time alheio; a
grandeza do SPORT CLUB DO RECIFE me basta e com ele estarei para o que
der e vier.