quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Saudações aos Alvirrubros

Desde a vitória sobre o Sport, que fechou o caixão rubro negro e mandou o rival para a segundona, a torcida do Náutico não para de comemorar. Os timbus tem que realmente comemorar, porque faz 44 anos que não disputa uma competição continental e a vitória sobre o Sport classificou o Náutico para jogar, pela primeira vez, a Copa Sul Americana.

Uma das coisas que mais faz parte é a brincadeira, a tiração de sarro com o rival derrotado e rebaixado, mas quando as comemorações pelo insucesso do rival passam a ser mais celebrados que o triunfo do seu próprio time aí eu começo a ver alguns problemas.

O Náutico é um time que tem uma história de um passado muito vitorioso, sendo o único de Pernambuco a conquistar seguidamente seis campeonatos estaduais, o famigerado e amplamente comemorado hexa, mas fazer disto a maior glória de um clube com mais de 100 anos e acredita ser grande é muito pouco. Um feito alcançado há mais de 40 anos e que serve como “argumento” toda vez que o torcedor alvirrubro não tem justificativa ou resposta. Ganhar seis vezes seguidas um campeonato disputado com outras duas equipes de nível semelhante é algo memorável (eu mesmo comemorei muito os dois penta campeonatos que EU VI o Sport ganhar).

O Sport quer superar a marca não para se igualar ao Náutico, pois é o alvirrubro que tem comer muito feijão com arroz para nos alcançar. Queremos é acabar com a arrogância tola de se vangloriar por um título estadual. Não que o torcedor do Sport não o seja, mas quando ganharem os mesmos troféus que nós, talvez possam nos calar, se não tivermos conquistado outros troféus de grande importância (o que, covenhamos, é pouco provável).

O pior é saber que muitos desses defensores desta grande sequencia de títulos estaduais não sabem quem foram os atletas que conquistaram tal êxito e, para piorar, não sabem nem em que ano foi. Para suprir esta lacuna, eu vos digo, meu amigos: foi em 1967 e os jogadores que participaram da maior conquista do Náutico são Lula, Valter Serafim, Aloísio Linhares, Gena, Valdemir, Mauro, Fraga, Limeira, Clóvis, Fernando, Zé Carlos, Rafael, Tadeu, Salomão, Ivan, Miruca, Paulo Choco, Edgar, Nino, Lala, Lulu, Aloísio Costa, Iaponã, Bita e Ladeira.

Depois do Timaço de Nivaldo e Bizu, o Náutico passou a descer a ladeira vertiginosamente e o Sport fez o caminho inverso e só fez subir. A rivalidade, que nunca foi pequena, cresceu e, não sei se motivado por inveja ou um sentimento do rico que fica pobre da noite para o dia, os alvirrubros passaram a ter como missão torcer mais contra o Leão que a favor do seu próprio time.

Talvez essa seja uma das razões para a esquadra da Rosa e Silva ter passado 11 anos sem conquistar nenhum título, apenas o penta vice-campeonato pernambucano, que claro não é comemorado pelo torcedor. Depois disso, conquistou os títulos de 2001, 2002 e 2004; e de lá para cá nada. Resumindo: de 1990 até 2012 (22 anos) foram 3 títulos conquistados pela camisa alvirrubra, um rebaixamento do Sport e duas não conquistas de Hexa pelo próprio rubro negro, sendo uma evitada pelo Timbu e outra pelo Santa Cruz.

Eu entendo que uma torcida cuja glória é torcer contra o adversário, que ela considera um inimigo, comemore tão efusivamente e, mais do que sua classificação para uma competição sul americana, a desgraça do rival. A comemoração nos Aflitos teve uma cereja, mas faltou o principal, um troféu.
Eu, na qualidade de torcedor do Glorioso, Vitorioso, Gigantesco e Maior campeão do Estado, Sport Club do Recife, não consigo entender como se vibra mais contra o outro que a favor de si. Meu time me dá muitas alegrias. 

Nos meus 32 anos, vi o Leão levantar 3 troféus nacionais, 2 da Copa do Nordeste, 18 campeonatos estaduais, incluindo dois penta campeonatos. Ou seja, eu normalmente estive comemorando e não amargando decepções e nunca tive tempo de me preocupar com o time alheio; a grandeza do SPORT CLUB DO RECIFE me basta e com ele estarei para o que der e vier.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Amarelo riqueza ou medo?

O amarelo da nossa bandeira representa o ouro e a riqueza da nossa terra. Ouro esse que quase não há mais, depois de décadas de exploração extenuante. A riqueza abundante não só em recursos naturais, como também culturais, é um dos maiores orgulhos do povo tupiniquim.

Não obstante, esse mesmo amarelo veste, frequentemente, nossos atletas mundo afora e parece condizer mais com as, não raras, “amareladas” que eles dão em momentos cruciais.  Não se pode, obviamente, pegar um pessoal, cuja dedicação é muito grande a despeito da falta de estrutura e apoio para treinamento físico e mental, colocar na cruz e crucificar porque seu desempenho não foi condizente com sua grandeza.

Não se vai dizer que o desempenho de Diego Hypólito,  César Cielo e Fabiana Murer não foi decepcionante, porque, de fato foi, e muito. A grande questão é até quando vai se crucificar aqueles poucos que conseguiram atravessar as barreiras da falta de apoio e de um projeto sério de esportes olímpicos?

Ora, o Brasil até poderia ter conquistado mais medalhas, mas talvez fosse tudo aquilo que a politicagem poderia querer, não só por ser ano eleitoral, mas também pelo fato do Rio, desde já, ser a nova capital olímpica mundial.

A verdade é que os nossos cristos (talvez) sejam os menores culpados pelo fracasso em Londres. Por pouco não ficamos atrás das "nações" Bolt e Phelps, então não pode esperar que o talento apareça do nada e, a partir daí, se tome alguma atitude. Atletas são fabricados, não nascem em árvore; a China é uma prova disso (sem entrar no mérito do como isso é feito naterra de Mao). Há quanto tempo Robert Scheidt e Hugo Hoyama competem pelo Brasil? Quem está aí para sucedê-los e/ou substituí-los?

O boxe fez bonito, mas se em 2016 não ganhar nada, a saraivada de críticas não tardará a chegar. Não se vai olhar o que os fez chegar longe em Londres, se foi talento, sorte, boa preparação ou a junção disso tudo; o que se quer é resultado, mesmo que não haja uma preparação para tal.

Não se pode jogar para um ou dois atletas de um esporte o peso e a esperança de uma nação. A responsabilidade precisa ser dividida, até para que os melhores possam se sobressair. A maior decepção não foram as amareladas dos nossos atletas, que também tem uma parcela boa de culpa, mas de dirigentes, torcedores e “experts”, que os fritaram  sem dó nem piedade.

As redes sociais andam cheias de “enquetes” perguntando quem foi a maior decepção das Olimpíadas de Londres 2012. Decepcionanteé a atitude do brasileiro, que raras vezes, aplaude a derrota. Talvez, uma prata não signifique ser o primeiro dos últimos, mas o primeiro dos demais, ou alguém acretida, por exemplo, que se poderia realmente vencer Usain Bolt?

sábado, 7 de julho de 2012

O campeão dos campeões

Acabou a gozação! O Corinthians conquistou a América. E não foi uma vitória qualquer, mas derrotando o temido e poderoso Boca Juniors da Argentina. A campanha incontestável fez descer goela abaixo, e a seco, todo o orgulho que todos os outros rivais paulistas tinham no fato do alvinegro mosqueteiro ser “apenas” um gigante caseiro.


Alessandro levantou a taça mais deseajda das Américas
Mas tudo começou em 2010 quando o então presidente Andrés Sanchez contratou não um treinador, mas um comandante agregador, que soube lidar com uma eliminação muito precoce contra o Tolima (VEN) na fase pré-grupo da Libertadores em 2011. Para falar a verdade, foi um mérito geral: da presidência que não demitiu o técnico, apesar da pressão e de muita especulação, dos jogadores que “fecharam” com Tite e do próprio para com todos que confiaram em um trabalho mais a longo prazo.

O Gaúcho de voz serena fez os atletas entenderem que o mérito por suas atuações em campo, como sua atitude fora dele, seria fundamental para estarem entre os 11 guerreiros que defenderiam na prática a camisa corintiana. O alto investimento em atletas como Alex, Danilo e Liedson valeu a pena e o Timão conquistou não só a Série A em 2011, mas o direito de voltar à maior competição do continente em 2012.

Muitos especialistas apontavam o Santos, comandado por Muricy Ramalho e puxado pelas estrelas Neymar e Ganso como o maior candidato ao troféu da Libertadores 2012. A Universidad de Chile, que apresentou a Copa Sul americana 2011 um futebol de encher os olhos e o Boca como as grandes forças estrangeiras.

Para o Corinthians sobrava a obsessão por um título que teimava escapar. E como para o bando de loucos qualquer sofrimento é pouco, não faltaram eliminações trágicas como para o próprio Tolima no ano anterior, como para o River Plate em 2006, que culminou na saída de Carlos Tevez do Parque são Jorge.

O desempenho do time nunca foi sensacional como fora o Santos em 2011. Jogos sempre duros, complicados sendo vencidos, na maior parte das vezes por placares com diferença de 1 gol apenas. Mas se assim não fosse não seria Corinthians.

O alvinegro passou por Nacional(PAR), Deportivo Táchira(VEM), Emelec(QUE), Cruz Azul(MEX), Vasco e Santos antes de os xeneizes de Buenos Aires. Os dois brasileiros não eram times quaisquer; o primeiro brigou ponto a ponto com o próprio Corinthians pelo título nacional e o segundo era o atual campeão da América.

O curioso é não há um grande craque sequer em todo o time. A força do conjunto tem sido muito maior que qualquer estrela intergaláctica. A dupla Ralf e Paulinho é de um entrosamento e de um autoconhecimento que beira o absurdo. Sozinhos nunca foram badalados; aliás, sequer tiveram alguma relevância que merecesse destaque. Jorge Henrique é um operário de suma importância para o ataque, que não possui homem de referência.

Cássio entrou no meio da competição e fez o torcedor lembrar-se de paredões como Ronaldo e Dida. A segurança de um arqueiro com cara de Hermano deu mais tranquilidade a todo o setor defensivo cujas raras falhas não chegam a comprometer.

De um clube puramente populista a um gigante da América, a trajetória em ascensão do Corinthians deu seu passo inicial quando o time caiu para a segunda divisão e todo o processo passou a ser reformulado. A mudança de mentalidade mostrou que a continuidade, desde Mano Menezes, que só saiu para treinar a seleção, é uma chave fundamental para o sucesso de um clube que não se sabe até onde pode chegar. Vai Corinthians!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Esquizofrenia do bom mocismo


Nos tempos mais ermos de nossa história, os estádios de futebol eram basicamente ocupados por homens. Muitos não consideravam um lugar para mulheres, muito devido aos excessivos elogios aos que fazem o espetáculo dentro das quatro linhas.

Com o passar dos anos e a mudança de muitos paradigmas e mitos de uma sociedade que se globalizou muito rapidamente, não só as mulheres, como também crianças e idosos passaram a freqüentar, em bom número, as arquibancadas.

A massiva popularização do esporte bretão juntou rico, pobre, preto, branco, índio, pardo, enfim, botou muitas diferenças de lado e surgiu uma nova “classe” social: o torcedor. Esse tal de torcedor rapidamente saiu das paredes dos estádios e invadiu as ruas, praças, escritórios, escolas.

Quem nunca ouviu ou soltou piadas na segunda-feira depois de uma rodada de campeonato? As brincadeiras futebolísticas aproximaram mais o faxineiro do dono da empresa do que qualquer nova teoria administrativa ou estratégia de comunicação interna. Os “chatos” que sempre zombam do seu time são os alvos prediletos quando seus times vão de mal a pior.

Nas últimas décadas, todavia, o futebol deu uma guinada em direção ao profissionalismo corporativo e transformou muitos clubes em empresas. Esta nova filosofia, iniciada na Europa, buscou agregar consumidores e não puramente os amantes da bola. Primeiro veio o Fifa Fair Play para acalentar os ânimos dos jogadores cujos ânimos exaltados, não raro, transformavam a grama sagrada em campo de batalha.

Depois, veio a modernização dos estádios, que passaram a ser chamados de arenas e a experiência dos setores populares, tendo em vista que eles foram diminuídos a uma proporção quase irrisória. As normas das grandes entidades responsáveis pela gerencia do futebol tentam transformar as arquibancadas em setores de um teatro onde se vai ver e, eventualmente, aplaudir o espetáculo.

A vigilância afastou os brigões e ajudou a punir os invasores de campo e dar uma maior segurança a quem vai ver as partidas. Os racistas são vigiados de perto, mas as medidas para moralizar os torcedores começaram a tomar ares de pura chatice de gola rolê.

Medidas querendo proibir os palavrões nas arquibancadas não foram raras. Socialmente, pode-se até discutir o fundamento de se usar palavras de baixo calão, mas a verdade é que um “poxa vida” não vai traduzir nem aliviar a angustia ou raiva do torcedor. Querer controlar o que vai ser dito por uma pessoa é demais e mitiga muito da liberdade que se sente ao entrar em um estádio.

Essa “cultura” dos palavrões já rendeu boas histórias. Já ouvi de jogadores, árbitros e bandeirinhas falando que tem duas mães: a que lhe deu a luz e a que entra no estádio com ele. Não há uma raiva contra a pessoa em si, mas sim o que ela representa dentro das quatro linhas. O que sair daí e se transformar em algum tipo de agressão deve ser severamente punido.

Recentemente, a torcida do Santos foi proibida de levar um mosaico para um jogo contra o Corinthians com os dizeres “TRI DA LIBERTADORES”, porque, segundo a polícia era uma clara provocação contra o adversário que ainda não conquistou o torneio. Do jeito que estão indo as coisas uma criança fazer piada com o time de um amigo da classe será bullying e quando o ocorrido se der no local de trabalho será um dano moral. Torcedor tem que ser torcedor, porque de seriedade e chatice o mundo já está cheio.

sábado, 16 de junho de 2012

Menos do mesmo


Foi-se a época em que pararia tudo o que estava fazendo para assistir a uma apresentação da seleção brasileira de futebol, fosse amistoso ou jogo oficial por alguma competição. Mas há algum tempo não existe vontade ou motivação para ficar em frente à TV e ver um time normalmente apático, cuja maior velocidade é um trote leve.

Jô: dispensado do Inter-RS após dar festa de arromba
Nossas estrelas de classe mundial já não existem mais; o primeiro escalão do futebol não é hoje um lugar cativo para o atleta brasileiro, salvo alguma exceção que me foge à memória. Não é à toa que, nos últimos 6 anos, 3 argentinos (Tevez, Conca e Montillo) foram eleitos o craque do campeonato brasileiro e um uruguaio jogando por um time do Nordeste (Acosta) foi a sensação.

Kaká, Ronaldinho e Adriano não são nem lembrança do que foram em tempos de outrora. Neymar joga muito, mas ainda tem muita escada para subir antes de se dizer o que ele é ou onde pode chegar. Ganso, Lucas e Oscar ainda são muito ofuscados pela estrela santista, mas parecem trilhar por um caminho de muito sucesso; talento eles tem de sobra, falta pularem algumas “fogueiras”.

A canarinha já não mete medo em ninguém. O capitão Thiago Silva afirmou na última semana que seus companheiros de Milan disseram-no que a esquadra brasileira já não era mais a mesma. E essa é a mais pura verdade. Os nossos astros parecem mais preocupados em se promover que defender a seleção.

É bem verdade que não se trata da seleção brasileira, mas sim da seleção da CBF e só isso para justificar as últimas convocações de Ronaldinho Gaúcho. Ele já jogou muito, no entanto sua falta de interesse pelo futebol profissional de alto rendimento o afastaria por completo do manto amarelo não fossem os interesses econômicos.

Ninguém é inocente em achar que estão lá jogando (ou apenas em campo) por serem apenas os melhores; há muitos outros interesses em jogo, mas isso ocorre com todas as principais seleções do mundo e não é só com a brasileira.

Esse desgaste entre a canarinha e a torcida me fez preferir assistir, no último domingo, ao jogo de vôlei entre Brasil e Polônia, ao invés da partida entre a turma de Mano Menezes contra o México.

Bernardinho: disciplina e qualidade lado a lado
É bem verdade que perdemos nas duas frentes, mas só de ver a gana e o comprometimento dos que jogam com as mãos, e porventura com os pés, é muito mais gratificante que um amistoso de futebol. Bernardinho é um treinador cujo exemplo deveria ser seguido pelos técnicos dos boleiros.

Tudo na vida é feito com base em escolhas que se faz pelo caminho e os jogadores de futebol parecem mais vislumbrados com o glamour da vida de celebridades e esquecem, muitas vezes, do mais básico; atleta profissional não é um rock star e não pode viver em festas e jantares.

Enquanto o vôlei não é infestado de forma viral pelo capitalismo selvagem ainda é possível ver as reais emoções de atletas de nível mundial tanto por suas glórias e derrotas. A preocupação principal está dentro das linhas e não nos benefícios financeiros que podem vir a chegar.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Tempo perdido


Na semana em que Wagner Moura sofreu uma avalanche de críticas da esquizofrênica imprensa “especializada e intelectual” musical brasileira, o meia Ronaldinho Gaúcho e o Flamengo encerraram um curto relacionamento que não chegou a durar dois anos.

 A primeira conclusão lógica que se pode tirar da situação, e da enorme dívida que ficou para o clube carioca, é que o time com a maior torcida do Brasil perdeu um precioso tempo; não apenas investindo em um boleiro sem compromisso, como também de andar no caminho do futebol moderno, onde o empreendedorismo e as táticas de grandes corporações multiplicam aos milhões a receita das agremiações.

A demagogia quase coronelista presente na Gávea mostra o tamanho do amadorismo com o qual um negócio tão lucrativo é tratado de maneira quase irresponsável por torcedores, quando o que se deveria era existir um quadro de profissionais para tratar dos negócios de um dos mais tradicionais clubes do Brasil.

A República Popular do Corinthians, que chegou a flertar com o “socialismo boleiro” durante a democracia corinthiana, deixou de ser um reduto de torcedores oportunistas, cujo objetivo era encher o próprio bolso e, se possível, conquistar algum título.

O time do Parque São Jorge se modernizou e, mostrando um belo exemplo de planejamento e organização, transformou o decadente e barrigudo, mas muito carismático, Ronaldo Fenômeno em um sucesso absoluto em vendas de produtos licenciados e para abocanhar cheques recheados, assim como o abdômen do atacante, dos patrocinadores.

O camisa 49 tenta a volta por cima no Galo
O Flamengo, ao contrário, confiou a contratação de um jogador, que receberia rendimentos na casa de 1,5 milhão de reais por mês, a uma empresa de marketing esportivo para pagar a maior parcela dos valores do camisa 10. Mas o “planejamento” não conseguiu atrair patrocinadores e o relacionamento do rubro negro carioca com a empresa paulista foi azedando em progressão geométrica até que, no começo de 2012, o clube carioca rompeu com o “parceiro” e se comprometeu a bancar todo o salário do Gaúcho.

O único problema é que o Urubu contava com o ovo que não havia sido chocado pela galinha, no caso a cota da televisão, e não conseguiu bancar o salário da maior estrela do seu elenco. Ao mesmo tempo, mostrando uma desorganização financeira e uma cara de pau inacreditável, contratou Vágner Love por cerca de R$ 30 milhões junto ao CSKA da Rússia.

Depois de cinco meses sem receber os direitos de imagem, o jogador entrou na justiça e ganhou o direito de realizar uma rescisão unilateral forçada pelo clube inadimplente. O montante da dívida chega a R$ 40 milhões, e não adianta agora querer transformar o atleta em demônio e fazer sua caveira pela sua falta de comprometimento com o clube e seu baixo desempenho técnico.

Ao contrário do que escreveu Renato Russo, Ronaldinho já não é mais tão jovem, pelo menos para o implacável mundo da bola, e o que foi prometido, e acertado em contrato, parece que ninguém prometeu e não se tem mais o que tempo que passou, tampouco todo o tempo do mundo. O suor sagrado do atleta dedicado e compromissado com a camisa, ou manto, foi pouco, ou quase nada, derramado pelo ex-melhor do mundo.  O sangue que o ex-craque deu foi para verificar a existência de álcool no seu organismo, ou como dizem os maldosos, verificar o nível de sangue no álcool do atleta.

Resta ao Flamengo brigar na justiça e tentar não pagar o valor estipulado em contrato ao seu ex-jogador. Com a truculência que é peculiar a administração de Patrícia Amorim, pintou-se um quadro onde pentacampeão do mundo é um vilão e só houve comprometimento do lado do clube.

Os sinais de que o R10 eram claros; desde a crucificação pública após a eliminação na Copa da Alemanha em 2006, o então melhor do mundo entrou em um redemoinho de farras, falta de comprometimento e um encontrou na ponta esquerda um porto seguro para sua falta de vontade em arrancar com a bola e fazer jogadas incisivas contra os zagueiros adversários. O Barcelona não brigou para que ele não se transferisse para o Milan, onde suas noitadas em hotéis ganharam mais manchetes que suas atuações.

Os vilões estão de ambos os lados. Se o jogador não se mostrou comprometido com o clube e com o time e vivia mais a noite carioca que os torneios do time profissional, o clube não conseguiu cumprir com todas as suas obrigações com o atleta e fez vista grossa para todos os atos de indisciplina de R10. Chegou a demitir Luxemburgo por problemas entre o treinador e o meia e nunca conseguiu controlar as escapadas do ex melhor do mundo.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsCwV5SP_IU28DoIqnMPbiYm5WjAC6_u38lNvwp3iOwq_nm5uiCJCz794rkMvWpCvXKOvraSlPGYU3ZJrQvY8WdvX2SoOvNlEzVWJKdNQuGwGZTdzJOfVkLoVogIT7wwxK0wZca5Eaxs3Q/s400/Ronaldinho+Flamengo+Gr%C3%AAmio+pilantra.jpg
R10 saiu pela porta dos fundos da Gávea
No rubro negro carioca Ronaldinho foi Ronaldinho uma vez: na vitória do Flamengo sobre o Santos de Neymar por 4x3 na Vila quando o camisa 10 levantou no torcedor do Urubu um fio de esperança de rever o manto sagrado que já vestiu Zico ser, novamente, respeitado mundialmente. Mas, para a infelicidade da Nação, foi um lampejo que durou pouco mais de 90 minutos e os pagodes e festas voltaram a ser mais fundamentais para o meia.

Os dois lados estão errados em boa parte; o clube por não pagar um empregado e Ronaldinho por não agir como se espera de um atleta de ponta. Muito mais preocupado com suas festas e seus pagodes que com sua profissão, não foram raros os momentos em que chegou sem condições de treinar na Gávea.
O futuro do jogador segue incerto no momento, mas a verdade é quem será louco o suficiente para bancar um microempresário que é Eike Baptista? Não basta o seu procurador dizer quem ele é ou o que ele representa (ou representou) para o futebol. Águas passadas não alimentam os peixes e Ronaldinho não pode exigir tratamento de estrela de primeira grandeza quando ele realmente é uma lembrança de um facho de luz.

É uma pena para o futebol mundial assistir a uma decadência desse tipo. Ronaldinho é talento puro, poderia ser um craque inesquecível, mas vai entrar para o rol de grandes jogadores que tiveram momentos excelentes e nada mais.








sábado, 26 de maio de 2012

A lebre e a tartaruga


Quando era criança, ouvia muito a fábula da lebre e da tartaruga e, hoje em dia, ela me parece muito apropriada para aplicá-la a realidade a ser enfrentada por Náutico e Sport na Série A do campeonato brasileiro.

Segundo o conto infantil, o mamífero se gabava de ser o animal mais rápido da floresta, até encontrar-se com o réptil, que lhe desafiou em uma corrida. No dia seguinte, tendo a raposa como juíza, a disputa ia começar e, tão logo foi dada a largada, a lebre disparou na frente, mas a tartaruga não se abalou e continuou com seus passos lentos.

 Excessivamente confiante na vitória, a lebre parou para dar um cochilo antes de passar pela linha de chegada e a tartaruga, devagar, mas sem parar, passou pelo mamífero. Ao acordar, a lebre voltou a correr efusivamente, mas ao chegar à linha de chegada, viu que a tartaruga tinha vencido a corrida e deste dia em diante a lebre virou uma piada em toda a floresta.

Os times pernambucanos são como a tartaruga e devem, em passos lentos, porém constantes, tentar, sem desistir, galgar uma posição por vez para fazer uma boa campanha na disputa da primeira divisão. Não há como a dupla da Veneza Brasileira disputar em pé de igualdade com as equipes mais abastadas do Sul do País.

Para se fazer uma boa campanha do torneio nacional é fundamental saber que a briga será da décima segunda posição para baixo; o que vier acima disso é lucro. A vaga na Sul americana é o “título” a ser disputado por Timbu e Leão. Não adianta acreditar que os pernambucanos, cujos investimentos são de três a quatro vezes menores que as principais equipes do torneio, tem condições técnicas e financeiras para disputar de maneira igualitária com os esquadrões do eixo Sul/Sudeste do País.

Pernambucanos terão trabalho no Brasileiro
Esse reconhecimento de “pequenice” pode ser a maior arma das duas equipes, pois reconhecendo essa questão poderá se portar como tal, sem medo de ser feliz. A postura dos dois times frente a Flamengo e Figueirense já foi muito diferente da vista em todo o campeonato pernambucano, com uma pegada, uma vontade até então não vista. Reforços precisam vir para qualificar o elenco e poder, efetivamente, dar uma chance aos dois de não apenas lutar para não ser rebaixado.

O campeonato brasileiro para Sport e Náutico é contra Ponte Preta, Portuguesa, Atlético-GO, Bahia, Coritiba, Figueirense e algum grande que entre em crise e/ou não “se encontre” em campo, como foram Cruzeiro e Atlético-MG na temporada passada e nesta corrida o fator casa é tão importante quanto um time competitivo. Conhecer e saber usar sua “selva” vai ajudar, e muito, não só contra os adversários diretos quanto pode ajudar passar por alguma lebre dorminhoca.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Vice de novo!


O Sport é vice campeão estadual pelo segundo ano consecutivo e perdendo pela segunda vez seguida para o Santa Cruz. Não bastou sair derrotado, mas tinha que acontecer em plena Ilha do Retiro no dia do aniversário do rubro negro pernambucano, para um rival que se encontra na terceira divisão nacional. Não fosse o tricolor um grande rival histórico poderia se considerar a partida de ontem uma inesquecível humilhação pública.

O jogo, ao contrário do que muitos esperavam, foi muito bem disputado, com um nível técnico muito melhor que os jogos das semifinais, como também o primeiro duelo da decisão. O Leão não entrou com a pegada que a torcida está habituada a ver e deixou muitos espaços para o Santa trabalhar a bola. A tática do técnico, agora ex, de mandar a bola para Marcelinho PB, para que o camisa 10 resolva tudo não deu certo, muito por conta de o meia estar em uma linha descendente.

Não se pode exigir de um atleta de 37 anos que ele tenha o fôlego, a disposição e, mais importante, a resistência e a recuperação física que os atletas mais jovens. Faltou inteligência do comandante para armar um esquema mais eficiente e não totalmente dependente do veterano jogador.  Um atleta diferenciado como ele precisa ser tratado de maneira especial, não no sentindo de tratamento pessoal, mas profissional, porque não há como manter o rendimento jogando quarta e domingo. O resultado é que o artilheiro rubro negro chegou “estourado” nas finais e o rendimento do time caiu junto com o do seu principal jogador.

O tricolor do Arruda não tinha nada com os problemas do Sport, foi muito eficiente e só precisou ganhar um em quatro clássicos entre os rivais para se consagrar bicampeão. O técnico Zé Teodoro armou a equipe um pouco diferente, com três atacantes e com uma estratégia fazer lançamentos de bolas cruzadas para surpreender a defesa do Sport, que joga em linha. Mazola não foi capaz de consertar este problema a tempo e Branquinho recebeu uma bola livre dentro da área e abriu o placar.

Dizer que a equipe leonina é muito ruim e que quase nada presta é um exagero e não confere, totalmente, com a realidade. A zaga se mostra segura e mesmo sem contar com Tóbi fez uma partida boa. Ela não mostra a segurança de outrora, mas não gera uma insegurança grande no torcedor. Moacir vem mostrando boa evolução, tanto que fez um gol ontem, e a lateral direita começa a deixar de ser um problema. Hamilton e Rivaldo, quando joga no meio, são muito bons e pouco deixam a desejar.

O calcanhar é do meio pra frente. O terceiro volante, Marcelinho e a dupla de ataque precisam ser repensados, assim como a lateral esquerda. Esses jogadores parecem não se entender, pois Marcelinho precisa de ágüem para tabelar, que raramente aparece, Jael nem faz o trabalho de pivô, tampouco é a referencia esperada dentro da área. Jheimy, apesar de esforçado, perde muitos gols que atacante não deve desperdiçar, como o de ontem frente a frente com Thiago Cardoso, quando ele mandou a bola por cima da meta.

Pela ala esquerda já passaram Renê, Marquinhos Gabriel, Rivaldo e Julinho e nenhum convenceu a torcida, a direção ou a comissão técnica. Esse é um problema grave a ser solucionado, pois com um esquema de três zagueiros e três volantes é fundamental ter laterais que saibam sair para jogar e cheguem bem à linha de fundo para alçar bolas na área adversária.

Não adianta jogar toda a culpa em Mazola. Pelos números, ele não fez um trabalho ruim, mas sua “boca nervosa” o atrapalhou mais que o ajudou. O Sport perdeu dentro de campo para uma equipe mais organizada taticamente e precisa com urgência de uma reformulação no elenco para o Brasileirão da Série 
A. Se não o fizer será um seriíssimo candidato a voltar à segunda divisão. A faxina começou pelo “professor”, cujo cargo foi entregue após a derrota de ontem. Agora, resta ao torcedor esperar pelo novo comandante e que ele consiga ajustar uma barca furada, que não pára de navegar, antes de um catastrófico naufrágio.

Basta ao torcedor rubro negro passar pela ressaca da derrota, agüentar as piadas e parabenizar o campeão pela conquista. A partir de segunda feira, o estadual já é um passado distante e o clube tem que pensar na estréia do campeonato brasileiro contra o Flamengo, na Ilha do Retiro, no próximo sábado. E que venha Ronaldinho e Cia, que o Leão estará com sede de vitória!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Quem corre os males espanta


 Para ser bem sincero, eu nunca curti essa história de fazer caminhada, corrida e afins. Não que o este tipo não fosse bom ou estimulante, mas a disciplina para essa atividade era algo que eu realmente não tinha; sempre me pareceu algo longínquo de ser alcançado, até porque para poder, ao menos no início, me forçar a ir fazer o exercício eu preciso pagar, como se faz com as academias porque aí eu não vou querer jogar meu dinheiro no lixo.

Eis que uns primos meus resolveram entrar para um grupo de corrida e pouco depois de uma semana de treinos chegaram todo empolgados chamando minha noiva e eu para participar. Eu, pra ser sincero, me empolguei mais com o entusiasmo deles que com a atividade em si e topei ir conhecer. Raquel, minha noiva, não compartilhou de imediato, com meu entusiasmo, mas mesmo assim foi conhecer esse pessoal que tinha deixado meus primos tão para cima.

Não vou negar que o fato da equipe ter entre os seus professores Tio Nando ajudou e muito na decisão e após assistirmos uma aula completa de Binho e Deza resolvemos fazer uma tentativa de 1 mês para ver o que dava. Raquel nunca gostou muito de fazer esportes, até tentei levá-la para fazer musculação e ginástica, mas fracassei feio nesta tentativa e esse grupo, apesar de uma pequena relutância inicial, parecia ser uma coisa boa, não só pelo exercício, mas também pelas companhias.

Começamos bem devagar uma fase de adaptação para que não nos espantássemos com o trabalho da Run, nem tampouco nos machucássemos. Breno, professor que ficou mais responsável por nossa planilha de treinamentos, sempre ressaltou que a intensidade nas primeiras semanas não ultrapassaria 60% de nossa capacidade aeróbica (a qual eu não acreditava ter mais).

Falando por mim, com 120 kg e sem fazer um exercício que requeresse um bom preparo aeróbico fazia muito tempo, acreditava que demoraria uns 3 ou 4 meses para começar a correr; não só peso (já em escala de obesidade) e pela preservação das “juntas", mas principalmente pelo fôlego, que teimava em não me acompanhar nas subidas de escada e esforços esporádicos que fazia.

Quando falei com Tio Nando para saber que tipo de meta eu poderia traçar para os meus treinamentos, tendo em vista minha completa ignorância em corrida. Ele, de pronto, me disse que no segundo mês de treinamento eu já estaria começando os treinos intercalados, que misturam uma corrida leva com uma caminhada rápida; não disse nada, mas não acreditei muito, achei que não dava.

Além de agüentar (para meu espanto) 200 metros de trote com 400m de caminhada, os professores, em uma trama maquiavélica, arquitetaram uma surpresa para os alunos: dar uma volta e depois fazer uma série de exercícios específicos como marinheiro e abdominal. Saí destruído do treino, mas não penseis isso de forma negativa; a alma saiu lavada e a tal sensação de bem estar, que todos os praticam este esporte tanto falam, me invadiu e voltei para casa já pensando no próximo treino, ansioso para que chegue logo.

Estamos, Raquel e eu, na primeira semana do segundo mês, com 7 kg e 5,5kg a menos na balança, que foram repassados para a disposição de fazer as atividades diárias. Nunca tinha imaginado fazer parte de um grupo desse tipo e, muito menos, que iria gostar muito e me faria tão bem e, por isso, eu recomendo a todos; e adaptando um velho dito popular: “quem corre os males espanta!”.