sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Na gaveta da coruja (4)

Um gol de carrinho (ou quase isso) que vai no angulo e de um jogador que não é assim uma brastemp merece destaque pelo resto do ano.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Pimba na gorduchinha


Finalmente! Depois de pouco mais de um mês de férias, o futebol pernambucano deu o pontapé inicial na temporada 2012. O trio de ferro da capital pernambucana formado por Náutico, Sport e Santa Cruz conseguiu terminar 2011 de maneira melhor do que começou. Os dois primeiros conseguiram acesso à elite do futebol nacional e o tricolor saiu da amaldiçoada Série D. Apesar deste ano não reservar a rivalidade pela conquista do hexacampeonato, a motivação pelos bons resultados nas competições nacionais tende a esquentar os ânimos em um dos principais torneios estaduais do País.

Toda a festa na concentração da torcida antes do jogo seja no Ginásio Marcelino Lopes na Ilha, em frente à sede do Timbu em plena Avenida Rosa e Silva ou na Avenida Beberibe vai colorir a Veneza brasileira. A luta pela conquista de um título estadual, na maioria das vezes é o único de toda a temporada, vai ser acirrada; o Sport quer aumentar sua hegemonia de maior conquistador do torneio, o Náutico quer acabar com um jejum de 7 anos sem títulos e o Santa defenderá com unhas e dentes o seu trono de campeão na busca pelo bi.

KI novela foi EZA ?

Desde o final da Série B, o Náutico tinha um objetivo muito claro: renovar com suas principais estrelas para a temporada 2012, pois o nível na Série A obriga as equipes a jogar sempre em nível mais alto. A diretoria alvirrubra conseguiu bons êxitos, como a permanência de Ronaldo Alves, Derley, Elicarlos e Eduardo Ramos. Todavia, Kieza, artilheiro da equipe no ano e da Série B, com 21 gols, não vai voltar a vestir a camisa do Timbu, pelo menos em 2012. Não houve acordo entre Náutico e Cruzeiro, que pedia cerca de R$ 3 milhões pelos direitos federativos do atacante, dinheiro este que o clube da Rosa e Silva não tinha e nem teve o manejo para negociar com a Raposa mineira. Resultado: a equipe perdeu sua principal peça de ataque, sobre a qual girava o esquema de jogo do alvirrubro. O jogador foi negociado por R$ 2 milhões com um grupo de empresários que desejam colocar atacante para jogar em relvados europeus.

Bala na Agulha

O mais querido foi quem impactou o mercado para reforçar o seu elenco. Primeiro contou com o retorno do volante Léo, que estava emprestado ao Botafogo(RJ), que vai dar melhor qualidade ao passe na passagem da defesa para o ataque. Além dele, chegou o atacante Dênis Marques, que teve uma bem sucedida passagem pelo Atlético Paranaense, quando chegou a ser artilheiro da Série A em 2004. Mas nenhuma contratação foi tão falada quanto a de Carlinhos Bala. O polêmico meia atacante, que já defendeu os três grandes da capital, já tinha sido rejeitado pela diretoria coral no inicio do mês de janeiro, aliás pelo  trio de ferro antes de receber essa nova chance no clube ele apareceu para o futebol. Mas com a moral de um grande manager o técnico Zé Teodoro “bancou” a vinda do atleta que estava sem clube após se desligar do Fortaleza(CE).

A nova savana do Leão

O Sport já fez 10 contratações, mas nenhuma que causasse forte ânimo no torcedor rubro negro, que sempre é muito exigente com quem chega para defender a esquadra da Praça da Bandeira. O que mais chamou a atenção no clube foi uma reforma no Estádio da Ilha do Retiro, que recebeu um gramado completamente novo, além de uma nova pintura na arquibancada e nas duas gerais, a da Jovem e a do placar. Os principais destaques para o time profissional foram a chegada do artilheiro Jheimy, que estava no Boa Esporte(MG) e do volante Rivaldo, do Palmeiras (SP). O atacante, inclusive vai tentar quebrar uma ”maldição” que ronda a Ilha impedindo os camisas 9 de manterem a sua fama quando vestem a camisa do Sport. O clube rubro negro chamou mais a atenção fora das quatro linhas desde o fim da última temporada: primeiro com um suposto caso de estupro envolvendo o meia Marcelinho PB e com a dispensa do meio campista e ídolo Daniel Paulista.

Agora é assistir a um campeonato que é apaixonante e conta com uma torcida empolgada e sempre presente aos estádios. A torcida sempre fica para o torneio ser equilibrado e disputado dentro das quatro linhas onde a rivalidade dá um tempero especial e o amor do pernambucano pelo futebol faz este torneio uma cereja no bolo dos amantes desse esporte bretão. Se não há uma técnica apurada e refinada, nunca falta vontade, raça e comprometimento de todos que compõem este espetáculo. Que as batalhas se resumam as quatro linhas e prevaleça aquele mais competente, afinal de contas futebol nunca foi um esporte justo, não há que se dizer que vença o melhor.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Em defesa da coruja (2)

A pulga do vizinho

Messi é, de longe, o melhor jogador da nova geração! Quem ganha 3 vezes seguidas o prêmio de melhor do mundo não o faz por acaso, mas por muito trabalho, e talento, especialmente talento. Pelo perfil que se percebe no craque argentino esse absoluto domínio que ele exerce sobre os demais jogadores parece que vai durar por longos anos. A sua conduta extremamente profissional sem os deslumbramentos de um superstar e o seu anseio de jogar todas as partidas no limite extremo são fatores que apontaria como fundamentais.

Jogadores como Kaká e Xavi tem um perfil semelhante, mas o talento natural do Hermano sobressai frente a esses dois excelentíssimos jogadores, craques que ficam um nível abaixo do camisa 10 do Barcelona. Aliás, creio que se houver um ranking dos craques não há ainda um do mesmo nível que ele. Podem reclamar os fãs de Cristiano Ronaldo e Neymar, mas a verdade é que ambos, apesar se fazerem parte de um seleto grupo de super craques, não alcançam Messi. Tanto isso é verdade que há 3 anos consecutivos o português perde a disputa de melhor do mundo para o argentino e Neymar, bom, ele ainda precisa, como se diz aqui no Nordeste, comer muito arroz com feijão.

“La pulga”, como foi apelidado devido a sua baixa estatura, é um argentino de nascimento, mas espanhol em sua essência. Foi criado nas canteras do Barcelona desde os 13 anos, quando saiu de Rosário e passou a fazer parte das categorias de base do time catalão. Ele não tem aquela fibra tão tradicional do argentino, mas isso não significa que ele faça corpo mole, pelo contrário, sempre se dedicou ao máximo na seleção argentina. Sua criação boleira na Espanha o transformou em uma fera domada, não tem a malícia de craques hermanos de outrora como Simeone, Cannigia, Mascherano e Tevez e essa diferença é sentida pelo torcedor que pega muito no pé do camisa 10.

Sua casa é o Barcelona e não Rosário. A equipe azul grená é responsável pela quase totalidade de sua formação e transformou seu enorme talento em uma ferramenta essencial no esquema ultra ofensivo utilizado pelo técnico Guardiola. Desde os 13 anos, hoje ele já tem 24 anos, ele aprendeu jeito de jogar do Barcelona, desenvolveu uma técnica muito especifica para a filosofia de jogo dos catalães. A seleção argentina é diferente e como a maioria dos esquadrões nacionais não tem um conjunto formado já que os jogadores se encontram por períodos curtos para competições especificas. É fato que seu desempenho com a camisa azul e branca é muito abaixo do visto no time espanhol, mas seria o mesmo que mandar um Inglês dirigir um carro com a direção do lado esquerdo.

Messi já entrou para uma seleta parcela de super craques que será lembrada através dos tempos, mas o “tamanho” de sua imortalidade será indiscutivelmente inabalável quando ele possuir conquistas relevantes com a esquadra nacional argentina. Pelé, Garrincha, Zidane, Maradona, Mathaus e Ronaldo Fenômeno alcançaram um status plus depois das conquistas pelas seleções. Já outros como Zico, Baggio, Eusébio e Platini, por mais craques que sejam, nunca vão chegar perto dos demais que conquistaram o mundo e cuja vista dos adversários só era possível pelo retrovisor. Futebol não é um esporte justo, mas seria uma crueldade dos deuses da bola não conceder a esse fenômeno uma conquista não só a altura de seu espetacular futebol como também a tradição do futebol argentino.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Santo Porquinho

Ao lado de Rogério Ceni, o goleiro Marcos fez parte de uma exceção de sua época: nunca saiu do Palmeiras, ainda que tenha balançado com uma oferta do Liverpool, para jogar na Europa em um tempo que jogador que era bem-sucedido atuava no velho continente e não em campos canarinhos. Perseguido por algumas graves lesões não conseguiu, como o companheiro de profissão do rival São Paulo, defender por mais vezes as traves palestrinas, mas suas façanhas com a camisa 12, por mais titular que tenha sido, quase que apagam da memória os momentos ruins vividos pelo arqueiro.

Na época em Marcos apareceu no Palmeiras, em 1992, o Porco paulista tinha defendendo o seu gol o ídolo Velloso e seu reserva imediato era o folclórico “Gato” Fernandez. Mas, sete anos depois, em 1999, comandado por Felipão, durante a disputa da Taça Libertadores da América Velloso sofre uma contusão e Marcos, que já tinha sido alçado à condição de reserva imediato assume o posto de muralha alviverde para não a perder pelos próximos 13 anos. Durante a competição sul-americana vencida pelo alviverde o arqueiro foi decisivo contra o arqui-rival Corinthians não só fazendo defesas fundamentais como defendendo o pênalti cobrado por Vampeta. Pela sua atuação o goleiro foi canonizado no Palestra Itália e ganhou a alcunha de São Marcos.

A santidade palmeirense ainda foi com a equipe paulista a uma final de Mundial de clubes e mais uma da Libertadores, mas terminou ambas como vice. Não obstante, 2002 foi o ano em que o goleiro foi do céu ao inferno. Primeiro foi abençoado pelos anjos da bola e foi um dos destaques da Seleção campeã na Copa da Coréia/Japão, mas teve um segundo semestre desastroso como se uma maldição tivesse sido jogada sobre ele e o arqueiro participou da campanha que rebaixou o Palmeiras à segunda divisão do campeonato brasileiro. Ainda assim, ele ficou na equipe e a ajudou a voltar à elite do futebol nacional no ano seguinte sagrando-se campeão da segundona.


Líder nato, Marcão desde que se tornou titular no Palmeiras puxou para si a responsabilidade nos momentos de turbulência, algo comum na agremiação alviverde. Já foi xingado, teve carro depredado e ficou contra a torcida quando ela passava do limite, mas isso ao invés de macular sua condição de ídolo, a fortaleceu. Explosivo nos jogos suas declarações pós jogo já renderam boas manchetes para os jornais paulistas. Uma das últimas foi depois de uma derrota de 6x0 para o Coritiba na Copa do Brasil 2011; ao final do embate, o goleiro soltou o verbo e disse que poderia ter ficado sem passar essa vergonha e que se os companheiros o tivessem avisado que jogariam de forma tão patética era melhor que ele não atuasse, pois voltava de contusão e recebeu, de cara, 6 presentes de grego.

Dono de uma personalidade forte que costuma levá-lo a fazer declarações polêmicas sem meias palavras. Mas, esse traço contradiz com uma pessoa bem quista, e de fácil trato, tanto pelos companheiros de trabalho como também pela imprensa. O seu sorriso característico foi desaparecendo mais ao longo que as dores do seu corpo o foram consumindo e fizeram com que Marcos encerrasse sua carreira brilhante e vitoriosa. Em tempos de discursos prontos e atletas moldados pelos assessores de imprensa, ver uma figura autêntica, um “boa praça” como o Marcos se despedir do futebol é uma pena, pois apesar de ser um profissional dedicado ele soube levar sua carreira “na esportiva”.