Até quando assistiremos a vândalos
depredarem não só a segurança das nossas cidades, mas também vem manchando com
o mais sanguinário vermelho o mais fantástico espetáculo que o Brasil tem: o
futebol?
A segurança pública no Brasil é
um grave problema social e isso não é segredo para ninguém. A ineficiência do
Estado em organizar e cumprir o que manda a nossa legislação não é uma tarefa
fácil e ao longo de vários anos de abandono e medidas demagogas a “bola de neve”
cresceu a tal ponto que o controle ou até mesmo o cerceamento parece pouco provável.
Banir as camisas dos estádios não
vai resolver problema nenhum até porque os indivíduos ainda estarão nas
arquibancadas e, pior, continuarão a marcar encontros fatais para resolverem
seus problemas nas ruas à base de pontapés, pauladas e, não raro, tiros.
Essas pessoas (cidadãos nem
tanto) devem ser tratadas como bandidos, que realmente o são, e não como
torcedores organizados. Por pior que seja nosso sistema penitenciário, jogá-los
lá dentro parece uma medida emergencial necessária, porque o cidadão verdadeiro,
que paga seus impostos e cumpre suas obrigações sociais, não pode ficar refém desses
marginais.
Eu aprendi a amar futebol indo
para o estádio com meu pai e me lembro de enquanto rolava o jogo eu brincava
nas arquibancadas sem a preocupação de ter um marginal, ou um bando deles, ao
nosso lado. A paixão pelo futebol deve ser adquirida ao vivo e não pela televisão.
Uma parte do crescimento do Pay-per-view deve ser credenciada a essa violência desenfreada.
O exemplo do holliganismo inglês deve ser estudado e adaptado a nossa realidade;
é claro que o problema não acabou e provavelmente não há uma solução definitiva
para o problema. Sempre que houver duas pessoas dispostas a se esmurrarem com
fundamento em qualquer coisa haverá algum tipo de conflito físico.
A questão é o espetáculo em si. O
torcedor de verdade, que quer ir ao estádio, levar sua família, torcer, gritar
e até falar mal seu time ou o adversário (dentro de um limite aceitável),
porque isso faz parte da paixão despertada pelo esporte bretão. Não pode é esse
cidadão ser alvo da polícia, por não existir um nível de organização minimamente
aceitável e ele “brigar” por seus direitos, ao invés do bandido que marca hora
para brigar.
A polícia brasileira desmonta
verdadeiros esquemas de crime organizado com o tráfico de drogas e armas nos
locais mais inóspitos, todavia não consegue prevenir ou reprimir confrontos
entre torcedores rivais cujo local e hora são previamente e publicamente
marcados. Muitas vezes me parece que deixam de propósito, não há o interesse
público em tentar resolver esse problema.
De fato, ao ver no jornal a
polícia “descendo a marreta” em alguém pode não ser uma medida política que vá
abrilhantar a imagem pública dos governantes. Essas medidas demagogas e ocas de
proibir que as organizadas entrem nos estádios soam muito melhor e o governante
discursa sobre o seu compromisso com o bem de sua população e aparece como um
salvador da pátria.
Até quando o povo brasileiro
ficará refém dos marginais uniformizados e dos políticos puramente demagogos é
uma pergunta cuja resposta é impossível de dar agora, porque o otimismo aliado
a um quê de inocência sempre nos faz acreditar que um dia tudo vai mudar para
melhor, mas quando será?