Grupo de torcedores espera
jogadores na saída dos vestiários para cobrar por eliminação na semifinal das
Champions! Ônibus do Barça é apedrejado por membro de torcida organizada! Pep
Guardiola com cargo ameaçado? Diretoria nega e garante técnico no cargo; “Ele
está prestigiado”, garante diretor. Messi e sua família são perseguidos por
torcedores após saírem de restaurante na Zona Sul. Qualquer uma dessas frases
se encaixaria como uma luva em 90% dos clubes brasileiros após uma eliminação
em um torneio de grande importância, mas no Barcelona, a principio, não há esse
tipo de preocupação e é bom se começar a aprender algo de bom nas derrotas.
Sem sombra de dúvidas o time da
Catalunha é o fenômeno dos fenômenos, quando se fala dos gigantes europeus. Um
time que preza pela excelência técnica, onde não basta ganhar é primordial dar
um espetáculo nos teatros verdes ao redor do mundo. Ganhar qualquer um pode e,
por essas e outras, o futebol é tão apaixonante, mas fazer com que clubes
legendários se curvem a sua grandeza e sua superioridade não é para qualquer
um. O Chelsea foi valente e venceu dignamente o confronto contra o Barça, mas
quem jogou, de fato, foi a equipe espanhola que encurralou o adversário nos
dois jogos e graças ao seu preciosismo, capricho excessivo e uma dose de
incompetência só conseguiu colocar para o fundo das redes duas das mais de
quarenta que chutou contra a meta de Cech.
A eliminação do Barcelona tem um
lado positivo e outro negativo. O bom é que esse domínio global é minado, em
parte, pois duas das três grandes conquistas da temporada escaparam pelas mãos
dos espanhóis; a Champions e o campeonato espanhol. A parte ruim é a de que a
defesa ganhou do ataque e o futebol jogado não prevaleceu desta vez. O Milan
tentou partir para cima do time catalão e viu que o bicho não era assim tão
imbatível e o Chelsea provou isso. Nada que diminua o clube azul grená, suas
conquistas e o belo futebol apresentado pelo time ficarão na memória dos amantes
do esporte mais apaixonante do globo. Tampouco acredito em uma linha
descendente constante a ser percorrida pelos espanhóis; é provável que a
hegemonia tenha se encerrado, todavia o nível permanecerá altíssimo.
Messi continua sobrenatural. Não há,
hoje, atleta futebolístico que se iguale ou chegue perto da qualidade do
argentino. Não há de se comparar ele com Pelé ou Maradona; cada qual foi rei na
sua época, aliás, cada era do futebol tem seu rei e o atual dono da coroa é
Lionel Messi. Não é possível ganhar tudo e nem jogar todas as partidas da
temporada de forma perfeita e, depois de vencer mais de 90% dos torneios que
disputou nos últimos dois anos, La pulga
não sentirá o doce gosto das conquistas nacional e continental em 2012. Não há
no Bayern de Munique nem no Chelsea jogador que possa desbancá-lo do trono;
talvez Cristiano Ronaldo, se não tivesse novamente amarelado na cobrança de pênalti
e o Real Madrid rumasse para a Alianz Arena disputar o troféu europeu.
Toda equipe vencedora vai passar
por uma leve queda que servirá mais para abrir os olhos e lembrá-la de sua “vencibilidade”,
isto é, não é tão invencível quanto se achava. Muitos técnicos e estudiosos
passaram ao menos três anos tentando descobrir essa fórmula. O Chelsea usou
muito a tática da Inter de Milão com nove dos seus 10 jogadores de linha na
defesa com uma linha de cinco na risca da grande área e outra de quatro um
pouco mais à frente. A estratégia foi não jogar e construir uma muralha
defensiva, que por sinal foi vazada duas vezes. O caminho barcelonista ainda
está recheado de glórias por vir, pois o mundo ainda teme a maior equipe da
atualidade.