quinta-feira, 26 de abril de 2012

Crise azul grená?


Grupo de torcedores espera jogadores na saída dos vestiários para cobrar por eliminação na semifinal das Champions! Ônibus do Barça é apedrejado por membro de torcida organizada! Pep Guardiola com cargo ameaçado? Diretoria nega e garante técnico no cargo; “Ele está prestigiado”, garante diretor. Messi e sua família são perseguidos por torcedores após saírem de restaurante na Zona Sul. Qualquer uma dessas frases se encaixaria como uma luva em 90% dos clubes brasileiros após uma eliminação em um torneio de grande importância, mas no Barcelona, a principio, não há esse tipo de preocupação e é bom se começar a aprender algo de bom nas derrotas.

Sem sombra de dúvidas o time da Catalunha é o fenômeno dos fenômenos, quando se fala dos gigantes europeus. Um time que preza pela excelência técnica, onde não basta ganhar é primordial dar um espetáculo nos teatros verdes ao redor do mundo. Ganhar qualquer um pode e, por essas e outras, o futebol é tão apaixonante, mas fazer com que clubes legendários se curvem a sua grandeza e sua superioridade não é para qualquer um. O Chelsea foi valente e venceu dignamente o confronto contra o Barça, mas quem jogou, de fato, foi a equipe espanhola que encurralou o adversário nos dois jogos e graças ao seu preciosismo, capricho excessivo e uma dose de incompetência só conseguiu colocar para o fundo das redes duas das mais de quarenta que chutou contra a meta de Cech.

A eliminação do Barcelona tem um lado positivo e outro negativo. O bom é que esse domínio global é minado, em parte, pois duas das três grandes conquistas da temporada escaparam pelas mãos dos espanhóis; a Champions e o campeonato espanhol. A parte ruim é a de que a defesa ganhou do ataque e o futebol jogado não prevaleceu desta vez. O Milan tentou partir para cima do time catalão e viu que o bicho não era assim tão imbatível e o Chelsea provou isso. Nada que diminua o clube azul grená, suas conquistas e o belo futebol apresentado pelo time ficarão na memória dos amantes do esporte mais apaixonante do globo. Tampouco acredito em uma linha descendente constante a ser percorrida pelos espanhóis; é provável que a hegemonia tenha se encerrado, todavia o nível permanecerá altíssimo.

Messi continua sobrenatural. Não há, hoje, atleta futebolístico que se iguale ou chegue perto da qualidade do argentino. Não há de se comparar ele com Pelé ou Maradona; cada qual foi rei na sua época, aliás, cada era do futebol tem seu rei e o atual dono da coroa é Lionel Messi. Não é possível ganhar tudo e nem jogar todas as partidas da temporada de forma perfeita e, depois de vencer mais de 90% dos torneios que disputou nos últimos dois anos, La pulga não sentirá o doce gosto das conquistas nacional e continental em 2012. Não há no Bayern de Munique nem no Chelsea jogador que possa desbancá-lo do trono; talvez Cristiano Ronaldo, se não tivesse novamente amarelado na cobrança de pênalti e o Real Madrid rumasse para a Alianz Arena disputar o troféu europeu. 

Toda equipe vencedora vai passar por uma leve queda que servirá mais para abrir os olhos e lembrá-la de sua “vencibilidade”, isto é, não é tão invencível quanto se achava. Muitos técnicos e estudiosos passaram ao menos três anos tentando descobrir essa fórmula. O Chelsea usou muito a tática da Inter de Milão com nove dos seus 10 jogadores de linha na defesa com uma linha de cinco na risca da grande área e outra de quatro um pouco mais à frente. A estratégia foi não jogar e construir uma muralha defensiva, que por sinal foi vazada duas vezes. O caminho barcelonista ainda está recheado de glórias por vir, pois o mundo ainda teme a maior equipe da atualidade.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Maldição Azul


O futebol pernambucano passou uma de suas maiores vergonhas na história neste ano de 2012. Dois dos três grandes times da capital (Santa Cruz e Sport) foram eliminados de forma precoce da Copa do Brasil e o terceiro (Náutico) está em vias de só acompanhar o torneio pela televisão, devido ao resultado do primeiro jogo da segunda fase.

O problema do tricolor foi a soberba; após estar vencendo por 2x0 a partida contra o Penarol, em Manaus, deixou o time AZUL e branco diminuir o placar para 2x1, forçando, dessa forma, o jogo de volta no Arruda. O embate na capital pernambucana, na cabeça dos corais, seria mais tranqüilo tendo em vista que o time manauara não teve forças para enfrentar o pernambucano em sua casa.

Todavia, atuando no José do Rego Maciel parecia à vontade e mais relaxado por já ter alçando o objetivo da maior parte dos times com pouca expressão nacional; fazer uma boa renda. O Santa Cruz, por outro lado, pareceu afobado e sentiu o peso de ter tomar a iniciativa e resolver o jogo. Resultado: Penarol 3 x 2 Santa Cruz e uma eliminação vergonhosa para time e torcida. Aliás, essa derrota fez muito torcedor coral “pedir a cabeça” do bom técnico Zé Teodoro.

O Sport tropeçou na própria incompetência quando enfrentou o Paysandu. O bicolor paraense, que é AZUL e branco, está longe de ser um time maravilhoso, pelo contrário, vê-se claramente tratar-se de um conjunto bem organizado pelo técnico Lecheva, mas muito limitado. Destacam-se o lateral direito Pikachu e o meia Tiago Potiguar, que poderiam atuar em qualquer dos três do trio de ferro pernambucano.

O Leão da Praça da bandeira perdeu as duas partidas contra o Papão em um placar agregado de 6x2. O duelo terminou sendo emblemático para os paraenses que não venciam o rubro negro pernambucano havia 50 anos, como também nunca tinham avançado as oitavas da Copa do Brasil. Para o Sport valeu a vergonha nacional de ser humilhado dentro da temida Ilha do Retiro ao ser derrotado por 4x1.

Por fim, mas não menos humilhante foi a derrota do Náutico por 4x0 frente ao Fortaleza, no Presidente Vargas. Para completar a humilhação o alvirrubro pernambucano perde para o tricolor cearense que veste as cores AZUL, vermelho e branco. O problema do Timbu, a meu ver, é o mais grave por tratar-se da equipe que enfrenta as maiores limitações técnicas e financeiras para este ano. Vale ressaltar que o Náutico ainda não está eliminado, mas está em vias de ser.

Não é admissível que Sport e Náutico perderem para times que estão na Série C. O investimento, a qualidade do elenco, os valores individuais são muito dispares, ao menos no papel, e, por mais tradicionais que sejam Paysandu e Fortaleza, são agremiações afundadas na famigerada terceira divisão e há muito não conseguem resultados expressivos.

Essas derrotas devem servir de alerta para o trio de ferro repensar o futebol jogado pelas bandas de Ariano Suassuna, que não conseguiu em 2012 se impor contra os “estrangeiros”. Não é momento de descartar tudo o que vem sendo feito, todavia a reflexão e o investimento de agora pode refletir um não rebaixamento ou um acesso.