terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A pulga do vizinho

Messi é, de longe, o melhor jogador da nova geração! Quem ganha 3 vezes seguidas o prêmio de melhor do mundo não o faz por acaso, mas por muito trabalho, e talento, especialmente talento. Pelo perfil que se percebe no craque argentino esse absoluto domínio que ele exerce sobre os demais jogadores parece que vai durar por longos anos. A sua conduta extremamente profissional sem os deslumbramentos de um superstar e o seu anseio de jogar todas as partidas no limite extremo são fatores que apontaria como fundamentais.

Jogadores como Kaká e Xavi tem um perfil semelhante, mas o talento natural do Hermano sobressai frente a esses dois excelentíssimos jogadores, craques que ficam um nível abaixo do camisa 10 do Barcelona. Aliás, creio que se houver um ranking dos craques não há ainda um do mesmo nível que ele. Podem reclamar os fãs de Cristiano Ronaldo e Neymar, mas a verdade é que ambos, apesar se fazerem parte de um seleto grupo de super craques, não alcançam Messi. Tanto isso é verdade que há 3 anos consecutivos o português perde a disputa de melhor do mundo para o argentino e Neymar, bom, ele ainda precisa, como se diz aqui no Nordeste, comer muito arroz com feijão.

“La pulga”, como foi apelidado devido a sua baixa estatura, é um argentino de nascimento, mas espanhol em sua essência. Foi criado nas canteras do Barcelona desde os 13 anos, quando saiu de Rosário e passou a fazer parte das categorias de base do time catalão. Ele não tem aquela fibra tão tradicional do argentino, mas isso não significa que ele faça corpo mole, pelo contrário, sempre se dedicou ao máximo na seleção argentina. Sua criação boleira na Espanha o transformou em uma fera domada, não tem a malícia de craques hermanos de outrora como Simeone, Cannigia, Mascherano e Tevez e essa diferença é sentida pelo torcedor que pega muito no pé do camisa 10.

Sua casa é o Barcelona e não Rosário. A equipe azul grená é responsável pela quase totalidade de sua formação e transformou seu enorme talento em uma ferramenta essencial no esquema ultra ofensivo utilizado pelo técnico Guardiola. Desde os 13 anos, hoje ele já tem 24 anos, ele aprendeu jeito de jogar do Barcelona, desenvolveu uma técnica muito especifica para a filosofia de jogo dos catalães. A seleção argentina é diferente e como a maioria dos esquadrões nacionais não tem um conjunto formado já que os jogadores se encontram por períodos curtos para competições especificas. É fato que seu desempenho com a camisa azul e branca é muito abaixo do visto no time espanhol, mas seria o mesmo que mandar um Inglês dirigir um carro com a direção do lado esquerdo.

Messi já entrou para uma seleta parcela de super craques que será lembrada através dos tempos, mas o “tamanho” de sua imortalidade será indiscutivelmente inabalável quando ele possuir conquistas relevantes com a esquadra nacional argentina. Pelé, Garrincha, Zidane, Maradona, Mathaus e Ronaldo Fenômeno alcançaram um status plus depois das conquistas pelas seleções. Já outros como Zico, Baggio, Eusébio e Platini, por mais craques que sejam, nunca vão chegar perto dos demais que conquistaram o mundo e cuja vista dos adversários só era possível pelo retrovisor. Futebol não é um esporte justo, mas seria uma crueldade dos deuses da bola não conceder a esse fenômeno uma conquista não só a altura de seu espetacular futebol como também a tradição do futebol argentino.

Nenhum comentário:

Postar um comentário