quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Na Gaveta da Coruja 3

A Coruja que dormia lá no Barradão deve ter ido embora para não voltar mais depois desse gol!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Chegando lá na Ilha do Retiro

Dia de jogo! Esse sempre é um dia especial e sempre que abro o guarda roupas eu olho todas as camisas do Sport que estão penduradas e fico pensando com qual eu vou. Não me considero  um torcedor muito supersticioso, mas ainda assim eu sempre fico com um pé atrás em escolher a camisa dourada da Libertadores, pois sempre que eu vejo um jogo com ela, seja no estádio ou na TV, o desempenho do Leão é decepcionante. Então escolho a camisa preta, que era 3ª em 2008, pois foi com ela que fui a todos os jogos quando o Sport foi campeão da  Copa do Brasil. Próxima parada: buscar minha noiva e seguir para a Ilha do Retiro.

Quem mora em Recife sabe quão complicado é o trânsito, mas o trajeto entre Casa Amarela e a Torre não é dos mais complicados já alguns atalhos permitem que se livre muito dos engarrafamentos. já na Real da Torre em sentido ao caldeirão rubro negro nos dias de jogo o fluxo não é dos mais encorajadores. O percurso entre o mercado da Madalena e o final da Caxangá não tem mais do que 2km e muitas vezes demora-se de 30 a 40 minutos para percorrê-lo, mas como diz a própria nação: Pelo Sport tudo! Conseguimos chegar a rua José Gonçalves de Medeiros e nela já é possível ver inúmeros torcedores que vão a pé, assim muitos grupos das organizadas que já chegam cantando seus gritos de guerra. 

Finalmente chegamos em frente à sede do clube,  mas ainda há de resolver um problema: estacionar o carro. Ruas estreitas e com poucas opções de estacionamentos pagos podem se tornar um pesadelo para deixar o carro se o torcedor não chegar com uma boa antecedência. Depois de estacionarmos o carro perto do estádio e seguimos pelo portão que dá acesso aos campos de futebol society, onde muitos querem é jogar sua peladinha e tomar uma cerveja ao invés de ir assistir à partida. Ao entrar na área do clube percebe-se que o seu espaço está tomado por carros estacionados em qualquer espaço mínimo possível, pouco importando se a fila é dupla ou tripla. A única coisa que importa é ver o Sport jogar.

Passamos pelo ginásio Marcelino Lopes, verdadeiro ponto de encontro de torcedores antes das partidas do Sport, onde muitos carros estão com malas abertas com o som ligado tocando as músicas do rubro negro pernambucano. O ginásio é rodeado de árvores e dele é possível ver o campo auxiliar onde os jogadores fazem seus treinamentos diários. Infelizmente por essa entrada não é possível passar pelo meio da sede do clube onde a tradicional charanga que fica sempre nas sociais da Ilha já aquece quem passa para ir ao jogo. Depois seguimos para a entrada das cadeiras na “curva do Dubeux”, área de cadeira construída a alguns anos, que foi supervisionada pelo então diretor e atual presidente, Gustavo Dubeux. 

Ao passar pela revista dos policiais, já nos deparamos com a grade onde estão localizadas as catracas que dão acesso a escada para chegar dentro do estádio. No entanto, é possível ainda acompanhar a saída dos jogadores do Leão do apart hotel do estádio, que fica ao lado da entrada para as cadeiras, para as vestiárias. Ao subir os degraus chega-se a um vão amplo onde ficam os banheiros, como também o bar e a barraca de lanche. Mais quatro degraus e a primeira visão que se tem é a da arquibancada frontal, onde ficam a maioria dos torcedores pagantes que não são sócios. Aproveito para dar uma olhada geral no estádio, para ter a certeza que ele ainda é o mesmo. Dou uma olhada cuidadosa na Torcida Jovem, que sempre anima muito o time. A etapa final é subir mais uns degraus para as minhas cadeiras. Sento-me com minha noiva. Agora é abrir ala que o Sport vai jogar!

A queda dos gigantes


Os gigantes são figuras, que segundo a mitologia grega, criadas por Gaia, deusa da Terra, para derrotar Zeus, o Deus dos deuses. Esses seres de enorme estatura podiam ser mortos se atacados por um deus e um por um mortal simultaneamente. Ao contrário desses seres históricos, dois gigantes do futebol brasileiro estão sendo derrubados apenas por mortais. Corinthians e Flamengo, duas das equipes mais caras do atual campeonato brasileiro não conseguem manter-se de pé frente aos ataques de todos aqueles que se encontravam abaixo dos times que ocuparam as duas primeiras posições do brasileirão por oito rodadas. 

Depois de um inicio avassalador com 9 vitórias em 10 jogos, o timão começou a cair de rendimento e os 10 últimos jogos manteve um rendimento de time da zona de rebaixamento com 5 derrotas, 4 vitórias e um empate. Claro que o time não conseguiria manter o aproveitamento de 90%, mas a disparidade é muito grande, principalmente se levarmos em conta um elenco que conta com jogadores muito qualificados como Liedson, Ralf, Chicão e Paulinho. Ainda não fui convencido do futebol praticado pelo time paulista, pois me parece uma equipe sem consistência, que tem uma oscilação muito grande dentro da mesma partida. A tática de esperar o adversário e ficar menos tempo com a bola dá uma desvantagem para a equipe, Já que dessa forma não pode envolver o adversário. O Barcelona é a maior prova que posse de bola é fundamental.

Já o Flamengo, que contratou Ronaldinho Gaúcho, jogador mais bem pago do país, já vem derrapando faz tempo e ficou 10 rodadas do campeonato brasileiro sem ganhar. No 11º jogo conseguiu uma vitória de 2x1, de virada, sobre o América-MG, no Rio, o que não é um grande mérito se levarmos em conta os pesados investimentos feitos pelo time da Gávea. A equipe carioca ainda conta com Thiago Neves, Alex Silva, Renato Abreu e com o goleiro Felipe, além do lateral Léo Moura, que há várias temporadas defende o rubro negro. O Flamengo tem bons jogadores, mas ainda falta um time consistente. O “professor” Luxemburgo não fez questão de manter Juan e até agora o Júnior César não conseguiu ser um substituto à altura. Falta um atacante que decida, já que Deivid mais parece querer matar é o torcedor do coração, com suas incríveis chances desperdiçadas. Futebol é um esporte coletivo, ter um ou dois jogadores sem uma equipe para acompanhá-los de nada vai adiantar.

Independente do resultado do Brasileirão 2011, Flamengo e Corinthians continuarão a ser duas das maiores potencias do futebol canarinho. O crescimento atingido por ambos atingiu níveis colossais e a tendência é a quanto maiores ficam, maiores querem ser não sendo abalados nem por graves crises. O que não é possível é achar que os times são fantásticos, estão muito longe disso. Nomes podem fazer sucesso de marketing e com a torcida, mas só isso não ganha nada. O fracasso corinthiano contra o Tolima na Libertadores desse ano fez o alvinegro paulistano sofrer com um semestre inteiro de prejuízos. As vitórias contra Bahia e América por placares magros demonstram que ainda há muito por fazer. Como sabiamente sempre fala o Muricy Ramalho: “É trabalho meu filho, muito trabalho”. Só assim para os times serem o que muitos acham que eles já são.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Na Gaveta da Coruja 2

Na Gaveta da Coruja

1000 vezes Rogério

Rogério Ceni é o maior goleiro que o Brasil já viu. O País de Manga, Felix e Taffarel nunca teve um representante da camisa 1 tão significativo para o esporte bretão como ele. Sua importância ultrapassa e muito os muros do CT da Barra Funda, assim como do estádio do Morumbi, do São Paulo Futebol Clube, sua casa há mais de 20 anos. O arqueiro é apenas o terceiro boleiro brasileiro a vestir o manto de um mesmo clube por mais de 1000 vezes. Antes dele só Pelé, pelo Santos, e Roberto Dinamite, pelo Vasco.

O feito de Ceni pode ser considerado maior que o do seus antecessores, pois ele vive em uma época de pura mídia, onde jogador vive muito de imagem e está sempre a procura de um contrato melhor não importa onde. O goleiro passou incólume por essa praga e só protegeu as traves da seleção brasileira em algumas poucas ocasiões ( foi campeão na Copa de 2002), além das do tricolor paulista. Além do impressionante número de jogos pelo SPFC, Rogério fez 103 gols, o que torna sua façanha quase tão impressionante quanto a de Pelé que marcou mais de 1000 gols na carreira, tendo em vista que a função daquele, ao contrário da deste último é a de evitar que os gols aconteçam e não fazê-los. 

Muito se fala sobre grande influência dentro do clube, que ele dá palpites em escalações. Recentemente bancou a contratação do veterano Rivaldo, de 39 anos, mostrando já uma veia de gerente de futebol. A verdade é que jogadores que atingem esse tipo de status, como Raul nos seus tempos de Real Madrid, Steven Gerrard no Liverpool e Gatuso no Milan, por exemplo, tem uma participação muito ativa frente ao grupo de jogadores, maior que a influencia da maioria dos técnicos. Eles tem a vantagem de saberem com maior exatidão o que se passa na cabeça do jogador profissional e tem uma proximidade maior que a do “professor”.

Gostem do seu jeito de ser ou não, o fato é que Rogério Ceni tem que ser referenciado por seu profissionalismo e amor à camisa, tão ausente nos dias de hoje.  Acredito que a grande maioria das pessoas preferiria um atleta como ele a ter “craques” como Adriano e Carlos Alberto. Pode-se não concordar com suas atitudes, postura perante muitas situações como também de suas opiniões, mas o fato é que dentro da nova realidade do futebol onde o que importa mais são os contratos milionários e a divulgação da imagem, ter-se o privilégio de acompanhar a carreira de um profissional da bola na sua mais pura essência é extremamente gratificante.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

MMA FC

Na cultura popular é comum referir-se ao brasileiro como um povo lutador, guerreiro, que apesar de todas as dificuldades que lhe são impostas consegue contorná-las, sem perder a alegria que lhe em tão peculiar. Talvez seja essa uma das razões para que o MMA (Mixed Martial Arts) tenha se tornado, nos últimos anos, a mais nova coqueluche esportiva dos brasileiros, que cada vez mais assistem aos brutamontes se esmurrando em uma jaula em forma de octógono. Outra questão que ajuda na divulgação desse esporte é a conexão que está havendo entre os lutadores e os clubes de futebol brasileiros.

O UFC Rio foi um sucesso de público e audiência. Aliás, o público foi um espetáculo à parte. Dos poucos eventos que assisti do Ultimate Fighting nunca tinha percebido uma platéia tão animada, ou até mesmo ensandecida no mais das vezes. Parecia até final de campeonato! Os espectadores ovacionavam os gladiadores da arena como fazem com seus ídolos antes dos jogos de futebol, como também aquele tradicional grito de “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor” sempre presente em jogos da seleção de futebol.

Mas o que me chamou realmente a atenção foi ver que dois dos principais lutadores da noite foram ao octógono para lutar “defendendo” a bandeira de dois grandes clubes brasileiros. Minotauro entrou com uma bandeira do Brasil, mas no lugar do azul do mar estava o símbolo do Internacional de Porto Alegre. Já o super campeão Anderson “ spider” Silva, agenciado por Ronaldo Fenômeno, entrou com uma camisa do Corinthians, clube que o contratou e que vai patrocinar a construção de uma academia de MMA, tendo Silva como principal atleta.

Já vi  muita gente com medo dessa aproximação, porque tem medo que essa proximidade de lutas marciais com futebol termine em mais violência entre torcidas, tendo como pano de fundo os ídolos do MMA. Esse ano um torcedor morreu ao sair de um evento de luta marcial, pois estava vestido com uma camisa do Atlético Mineiro e foi agredido covardemente, e gratuitamente pelo que vi na TV, por marginais vestidos com camisas do Cruzeiro. Para reforçar essa tese, a grande maioria das torcidas organizadas do Brasil mantém academias dos mais variados tipos de artes marciais, o que não ajuda em nada na imagem de violência que essas facções transmitem.

Eu particularmente não acredito em um aumento significativo da violência porque os clubes de futebol estão contratando lutadores profissionais para vestirem as suas camisas. O problema da violência no futebol no Brasil é mais uma questão social e localizada em uma banda podre das torcidas organizadas. É claro que atos de violência sempre vão existir já que algumas pessoas parecem perder a noção do certo e do errado quando defendem as cores do seu tempo. A violência das torcidas, muito antes dessa união com o MMA, já tinha se expandido para o basquete, futsal e vôlei, este último muito conhecido por ser prestigiado por famílias com crianças.

A violência ligada ao futebol é um problema no mundo inteiro e não vai ficar melhor ou pior porque agora os lutadores de MMA estão associados aos clubes de futebol. Até porque ninguém acha que é piloto, e vai sair costurando o trânsito, só porque dirige um carro igual ao que o Corinthians tem na Stock Car. Acredito que o medo pela violência é tanto um esporte ligado à agressividade traga à tona uma maior violência por parte dos torcedores. Mas observando a postura dos atletas, que não pactualizam com a violência e sempre mantém um discurso de respeito ao próximo e de paz e da própria filosofia desse esporte marcial não acredito que haja razão para grandes preocupações.