quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Confusão à gaúcha


Durante toda a semana passada a torcida do Grêmio planejou meticulosamente para “homenagear” o mais notório filho nascido das entranhas do Estádio Olímpico: Ronaldinho Gaúcho.  O craque, atualmente jogador do Flamengo, desligou-se em 2001 do tricolor dos pampas de forma pouco amigável e quando anunciou sua volta ao Brasil, depois de 10 temporadas no futebol europeu, causou um frisson na torcida gremista que ficou esperançosa na sua volta e esqueceu todas as mágoas do passado.

Depois de um longo leilão promovido por Assis, irmão e empresário de Ronaldinho – não necessariamente nesta ordem –, o R10 assinou um contrato de 5 anos com o rubro negro carioca por um salário milionário digno de craque de ponta nos maiores clubes europeus.  Este fato despertou uma fúria sem precedentes da metade azul de Porto Alegre e o ídolo cuja imagem ficara turva no passado, desta vez enegreceu de vez e a relação do jogador e torcida parece não ter mais jeito. Havia toda uma expectativa pela volta do Gaúcho externada principalmente pelo presidente do tricolor. 



Eu sinceramente não me lembro do Ronaldinho ter dito em alto e bom som que queria jogar no Grêmio de novo. Recordo que à época houve um boato no qual o jogador teria dito a um amigo que por ele jogaria no clube que o revelou, mas não o vi em público fazer tal declaração. Todo o processo conduzido por Assis foi muito astuto, poucas informações concretas foram passadas e todo dia aparecia uma notícia do Ronaldinho em uma equipe diferente. Um dia era o Palmeiras, no outro o Flamengo, depois o Grêmio e até o presidente do Corinthians veio dizer que as portas do Parque São Jorge estavam abertas para o craque, mas que os mosqueteiros paulistanos não iriam entrar em leilão.

Depois de alguns dias de novela, Ronaldinho assinou seu contrato com o Flamengo. Nada de errado no processo, até porque ele não tinha obrigação nem moral, nem profissional com o Grêmio. Ele é um atleta profissional que vai de acordo com a maré e se a proposta do Urubu da Gávea foi melhor, que vá jogar lá. Essa choradeira da torcida gaúcha é muito culpa da diretoria que ficava afirmando ter um acerto muito próximo e de já estar preparando o contrato. Exemplos de jogadores ídolos que vão jogar no exterior e não voltam ao clube que os consagrou acontece em todas as janelas de transferência e nem por isso a ficam chamando os atletas de pilantras.

Fernandão foi o capitão do Internacional na conquista do mundial de clubes, logo depois foi para o famigerado mundo árabe e quando retornou ao País foi jogar no Goiás e não no Inter que não o quis. Isso foi uma decisão profissional e hoje Fernandão faz parte da comissão técnica do Inter. Não é todo dia que aparece um jogador como o Juninho Pernambucano, que topou jogar por um salário mínimo até provar que tinha condições de defender a altura o clube que o projetou mundialmente. Aliás, desconheço outro caso semelhante a esse do camisa 8 do Vasco da Gama.

Dentro do estádio a torcida pode vaiar, xingar e tentar “fazer tremer” o seu adversário, mas por ser adversário, não por ter partido o coração mole do torcedor. Eu sempre digo que jogador que não tem gana de entrar em campo e se matar no gramado pelo meu time pode pegar a porta da rua, que não faz falta nenhuma. Jogador bom é aquele que faz o que gosta e o realiza com vontade, garra e determinação e não puramente por uma suposta questão de querer enterrar um passado mal resolvido.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O retorno do colosso

Já dizia Euclides da Cunha em um dos seus mais notórios romances: “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Essa frase resume bem e, de certa forma, representa o que é a torcida do Santa Cruz.  O tricolor pernambucano representa um caso raro de uma torcida que tomou uma dimensão tão grande quanto o time que ela empurra das arquibancadas. Entre 2006 e 2010, o clube e a sua massa de seguidores conheceram todos os tipos de decepções e dificuldades que um clube, que outrora tivera tempos de glória e chegou a figurar entre os maiores do país, pode passar. Três rebaixamentos seguidos e duas participações seguidas, e frustrantes, na série D, a última do futebol profissional no Brasil, em nada amenizava um futuro que se vislumbrava cada dia mais negro.

O ano de 2011 começou com um pouco mais de planejamento, tendo a presidência do clube entregue ao experiente treinador Zé Teodoro a difícil missão de tentar tirar o Santa do fundo do poço. Bom conhecedor da realidade do futebol nordestino, o professor trouxe vários atletas de sua confiança e criou um grupo limitado, mas coeso e que demonstrava comprometimento. “O mais querido” entrou no estadual com um objetivo claro: conseguir a vaga para a série D, o que viesse, além disso, seria lucro, ainda mais sabendo que os principais rivais, Sport e Náutico, entravam na disputa com muito mais dinheiro e elencos mais qualificados e tendo o rubronegro a missão de defender o pentacampeonato e conquistar um inédito hexa. Todavia, graças a jogadores como Thiago Mathias, Thiago Cardoso, Everton Sena, Renatinho e, principalmente, o artilheiro Gilberto, a equipe do Arruda foi deixando para trás todos os adversários e derrotou o Sport na final, tendo vencido o Leão, dentro da Ilha do Retiro, de forma incontestável.

A torcida tricolor, e a alvirrubra da mesma forma, comemorou bastante o título do Pernambucano 2011, que não ia para as Repúblicas Independentes do Arruda desde 2005. Não obstante o entusiasmo, o objetivo de sair da série D ainda não fora alcançado e o Santa ainda havia perdido Gilberto, seu principal artilheiro, para o Internacional de Porto Alegre. Quando a competição começou, apesar do escasso plantel e da assiduidade dos jogadores ao departamento médico do clube, o Santa passou por Alecrim/RN, Guarany de Sobral, Porto de Caruaru e um xará do Rio Grande do Norte. Durante toda a campanha da primeira fase, o time era destaque dos principais jornais esportivos nacionais e alguns internacionais não pelo seu futebol, mas pela devoção de sua torcida que “invadiu” Coruripe e João Pessoa em algumas ocasiões para jogos que mais pareciam em sua casa do que na do adversário. 

Na segunda fase, o tricolor passou apertado pelo Coruripe, em Alagoas, com um empate de 0x0 que deixou o coração do torcedor angustiado até o apito final. A terceira fase era a mais importante do campeonato, pois quem passasse por ela já estava automaticamente ascendido à série C. E como tudo parece ser mais difícil para a cobra coral, o time enfrentaria o tradicional Treze-PB, que contava com o artilheiro Warley, ex-São Paulo. O jogo no estádio Amigão, em Campina Grande, foi um dos mais complicados e considerado o melhor jogo da competição, pois o Santa chegou a estar perdendo por dois a zero, mas, no final, a equipe pernambucana conseguiu um vitorioso empate, por pouco, não saiu com uma vitória, que lhe renderia uma boa vantagem para o jogo de volta.

Faltava o jogo de volta para consolidar a ascensão à série C. E o Recife parou: na semana que antecedeu ao jogo decisivo só se falou disso. Os tricolores estavam com esperanças renovadas e com uma, antes perdida, perspectiva de comemorar bons resultados. As ruas foram tomadas por camisas e bandeiras, os ingressos foram sendo vendidos rapidamente, atingindo a marca de 48.000 ingressos vendidos em apenas 72h. No domingo, segundo a contagem oficial, cerca de 63 mil espectadores lotaram o Colosso do Arruda para apoiar incondicionalmente a cobra coral. O jogo foi complicado e nervoso, o 0x0 angustiou todos os presentes até o último minuto, mostrando que para uma torcida sofrida nada vem fácil, mas o final foi o que todo torcedor tricolor almejava há muito tempo. Enfim, o Santa Cruz parece demonstrar forças suficientes para se levantar e sair de um poço que parecia não ter fundo. No dia seguinte, a cidade amanheceu pintada de vermelho, preto e branco, cheia de torcedores orgulhosos que já estavam contando histórias do passado recente como já sendo uma realidade distante e já pensando no título da competição, o primeiro da história, quase centenária do tricolor pernambucano.

O clube parece que, agora, está no caminho certo para voltar a viver seus tempos mais vitoriosos, organizando todo o seu departamento de futebol amador e profissional, já com planos para um centro de treinamento e um projeto para uma completa modernização do seu estádio. No entanto, o bem mais precioso do Santa Cruz é a sua torcida, uma massa que demonstrou um amor incondicional no pior dos cenários, mas é bom que isso não crie um certo conformismo em saber que ela estará sempre haja o que houver. O tricolor tem que cuidar dela com o maior cuidado, porque quem tem um bem dessa magnitude não pode subvalorizá-lo jamais, pois isso é que muitos clubes buscam durante toda a sua existência. Parabéns ao Santa Cruz Futebol Clube e que ele volte rápido para um lugar mais digno de sua história e importância.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A incrível capacidade de estragar tudo

O planeta Terra já possui mais de 7 bilhões de homo sapiens habitando o seu território e dentro dessa enorme massa de seres pensantes há uma parcela ínfima a quem foi dado, para os que acreditam em uma força superior, algum tipo de dom físico que os faz ser muito diferenciados de todo o resto da população: são os atletas de alto rendimento. Milhares sonham, mas não são todos os dias que surgem seres como Maradona, Agassi e Tyson. Eles têm o que o senso comum chama de um “quê a mais”. Todavia, tem chamado muito a atenção, a enorme quantidade de atletas que vem desperdiçando a chance que lhes foi dada, principalmente em se tratando de atletas do futebol.

A primeira Copa do Mundo que acompanhei de verdade entendendo o que se passava foi a de 90. Não foi exatamente uma coisa promissora para um jovem torcedor de a Seleção Brasileira assistir a equipe de seu País ser eliminada pela Argentina, sua maior rival, tendo Maradona dado um nó em nosso esquadrão. Terminei acompanhando o resto do mundial torcendo pela Argentina, pois fiquei logo muito fã do Dieguito e do Goycochea. Muito me espantou depois saber que o craque argentino era viciado em cocaína e tinha sido suspenso do futebol por causa disso. No entanto, sua volta na Copa de 94 parecia que ia transformar aquele pesadelo de anos anteriores em história encerrada, mas, em se tratando de Maradona, aconteceu o que muitos temiam e outros tantos esperavam: o argentino foi pego no antidopping e foi, novamente, suspenso. O jogador perdeu muitos dos seus excelentes anos por um vício, que muitos atribuem a uma relação que os jogadores do Napoli, clube que Maradona atuou na Europa, mantinham, ou tinham que manter, com alguns membros da máfia napolitana que comandava o clube italiano. A verdade é que ele poderia ter sido muito maior do que foi e ter encerrado sua vida esportiva de uma forma um tanto mais digna para fazer jus a todas as maravilhas que el pibe presenteou aos amantes do bom futebol.

No Brasil, temos muitos casos de jogadores que se deixaram levar a um fim de carreira decadente e, muitas vezes, antecipado por vícios e desequilíbrios. Um dos casos mais emblemáticos foi o de Garrincha. O mago das canelas tortas “entortou” muitos zagueiros, todos carinhosamente chamados pelo nome de João, e foi, para muitos admiradores e comentaristas, o maior jogador brasileiro de todos os tempos, melhor, inclusive, que Pelé. Não obstante, o Mané, como fora apelidado, tinha uma fraqueza pelo álcool e viu toda glória e magia do seu futebol arte se transformar em uma aposentaria pobre devido ao vício que corroeu não só o seu fígado, que o levou a uma morte por cirrose, como também sua vida pessoal. Após ser diagnosticada artrose em seus joelhos, o “Anjo das pernas tortas” começou a ver seu futebol ruir, o que o levou tentativas de suicídio, acidentes de automóvel e dezenas de internações por alcoolismo. Recentemente, tem-se acompanhado a luta de outro ídolo brasileiro, Sócrates, contra os efeitos do abuso de álcool. A carreira do Dr. Sócrates não foi prejudicada, mas em compensação sua aposentadoria não vem sendo nada tranqüila. Casagrande e Dinei foram outros casos em que as drogas consumiram muito de suas vidas de atleta.

No entanto, um caso emblemático é o atacante Jóbson, que atualmente está suspenso por ter sido pego no antidopping pelo uso de cocaína. O jogador paraense foi revelado pelo Brasiliense em 2007, mas sempre foi associado a casos de indisciplina que envolveram suspeitas de embriaguez. Jóbson foi emprestado ao Botafogo em 2009 e ajudou o time da estrela solitária a fugir do rebaixamento e logo despertou o interesse do Cruzeiro para a temporada seguinte. Mas ao ser pego no exame antidopping, o atacante assumiu o uso de crack e foi suspenso pelo STJD. O Botafogo resolveu ajudá-lo durante todo o seu processo de recuperação, que teve a pena reduzida a seis meses e voltou a defender a equipe carioca no segundo semestre de 2010. Ainda assim, o jogador não parou de se envolver em polêmicas e teve encurtadas suas passagens por Atlético-MG e Bahia, onde realizava um bom campeonato brasileiro. É raro um jogador receber a quantidade de oportunidades com que Jóbson fora agraciado e não aproveitá-las foi sua opção. Doravante isso, o Grêmio Barueri, time de empresários do interior paulista, está interessado na contração do atacante quando ele terminar de cumprir sua suspensão.

Nos últimos 5 anos, o mundo esportivo vem acompanhando de perto uma trajetória marcada pela autodestruição do ser humano e do atleta, que é a Imperador Adriano. Desde os anos da glória  nos campos de Milão, quando defendia a Internazionale, para os dias de hoje, foram denúncias de abuso de álcool, depressão, associação com traficantes do Rio de Janeiro e inúmeros problemas com indisciplina. O jogador carioca começou sua carreira, sem um brilho fenomenal, no Flamengo, depois transferiu-se para a Itália onde jogou na Fiorentina antes de tornar-se o Imperador de Milão, atuando pela Internazionale. Todavia, quanto mais alto subia nos degraus do sucesso, mais afundava sua pessoal e sua instabilidade emocional o levou às farras com mulheres, cigarros e bebida. O fundo do poço foi quando, aos 26 anos, ele se desligou do clube italiano e se “aposentou”do futebol por não mais conseguir viver do mesmo. Depois de alguns meses, voltou a jogar pelo Flamengo e foi campeão brasileiro, mas o temperamento sempre foi um problema fora de campo e as bebedeiras até então não tinham acabado. Tentou voltar ao país da bota, mas foi um verdadeiro fiasco, não tendo terminado nem o primeiro ano de um contrato de 5 anos. Bancado por Ronaldo, o Corinthians topou o desafio de recuperar mais uma vez o Imperador depois que o Flamengo disse não a Adriano, talvez por não querer acreditar nele pela terceira vez e investir pesado em um atleta, que apesar de ainda ter 29 anos, está quase se tornado o que se chama de ex-jogador em atividade.

Acredito que a infância pobre, com pouca ou nenhuma educação vinda da escola, a simplicidade da vida desses atletas até se tornarem jogadores profissionais e virarem suas vidas de cabeça para baixo, da noite para o dia, influência e muito nesse tipo de desequilíbrio. Mas justificar atitudes como essas, somente com isso, é muito pouco. Existem outras razões mais profundas de ordem psicológica, principalmente, e, em alguns casos, de caráter mesmo. O fato é que se prepara muito o dentro de campo, mas não os preparam para o verdadeiro desafio que é o de enfrentar a pressão de torcida, dirigente, procurador, patrocinador, que não é fácil. Enquanto a preparação do atleta for muito dissociada da do ser humano, casos como esse aparecerão aos montes. Não é preciso chegar ao extremo como eles, mas não é possível esquecer do Tevez, que arrumou confusão no Corinthians, no West Ham e agora no Manchester City, do Anderson que vive se envolvendo em confusão e, no início do ano, destruiu seu carro em um acidente não muito bem explicado ainda. Enfim, a matéria-prima  do futebol precisa ser mais lapidada para ser posta em exposição, não pode ir de qualquer jeito porque, se deixarem pela conta e risco dos jogadores, eles vão mostrar sua incrível capacidade de estragar tudo.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Em defesa da coruja (1)

Para ser justo com muitos goleiros que fazem defesas espetaculares, lá onde a coruja dorme.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A Culpa é de quem?

Jogador de futebol é um ser curioso. Apesar de jogar um esporte coletivo onde depende de, pelo menos, os outros 10 atletas que estão em seu time, além dos 11 da equipe adversária ele é um ser extremamente egoísta. Aquela história de coletividade onde “todo mundo ganha” e “todo mundo perde” é uma bela de uma balela para inglês ver. A verdade é que assistindo futebol há uns 20 anos eu não me lembro de jogador dizendo que a culpa é dele por uma derrota ou ele esteve em atuação ruim. O máximo que já vi foi um ou outro admitir que “a fase não é a melhor”, mas isso está longe de retratar, muitas vezes, a realidade.



O principal culpado pelas derrotas, ou ao menos o mais apontado pelos atletas, é o árbitro. Eu concordo que o quadro da arbitragem brasileira é péssimo, mas não uma exclusividade tupiniquim desenvolvida pelas organizações Tabajara, por mais que pareça isso em várias ocasiões. A Premier League inglesa, considerada por muitos especialistas como o principal campeonato do mundo tem sérios problemas com a turma do apito e inclusive o quarteto de gigantes da terra da rainha chiou com muitas atuações tétricas dos árbitros. Eu até concordo que o juiz pode, em alguns casos, definir o rumo de uma partida, mas isso é em um jogo ou outro não é sempre, a não ser que se torça pro Botafogo, contra quem acontece de tudo um pouco.

A próxima vítima é a bola. Não consigo me divertir com aquele discurso velho e batido de que “a bola não quis entrar”, ou então que “poderíamos ficar até amanhã e ela não entraria”. Entendo quando um piloto diz que o carro estava com um problema e fez uma corrida ruim, mas culpar a bola é demais. Esse ser redondo e inanimado responde a duas leis: a da física e a da gravidade, não há vontade, mas para não se chamar de incompetente, o atleta bota a culpa em naquilo que menos tem culpa, a bola. Aliás, ela deveria ser muito bem tratada e não servir de bode expiatório para qualquer caneludo desse mundo da bola. Eu duvido o Messi, o Pelé, o Puskas botarem a culpa nela. Tem outra vítima dos boleiros que é a trave. Como é que um poste branco, aliás, um conjunto de postes brancos, imóveis, pode ter culpa de alguma coisa? Se o cidadão que chuta a bola não consegue acertar um alvo de 2,44m de altura por 7,32 m de comprimento não tem o direito de colocar a culpa em mais ninguém, ou em mais nada. Às vezes eu acho que o jogador imagina existir um conchavo entre a bola e a trave para que a rede permaneça “virgem” durante os 90 minutos.

Mas não há nada melhor do que criticar o gramado, que o digam os atletas da seleção que perderam quatro pênaltis na Copa América. Tudo bem que campo ruim atrapalha, mas quer dizer que Pelé, Eusébio, Garrinha foram quem foram enquanto atletas só jogando em tapete? Pelo contrário, jogavam em pastos muitas vezes inimagináveis nos dias de hoje. Como se diz no Nordeste, o “cabra tem que ser macho” e admitir que errou porque foi displicente, não se concentrou, tava com excesso de confiança, foi incompetente, mas dizer que o gramado é culpado é danado. Será que durante 90 minutos de jogo não sejam suficientes para que um atleta profissional, que vive trabalhando em todo o tipo de gramado, não consiga entender como funciona o mecanismo quando tem muita areia, quando o gramado está molhando ou quando existem buracos, até porque normalmente jogasse mais de uma vez no mesmo campo. O Brasil, por exemplo, tinha jogado uma semana antes no mesmo estádio e as condições estavam piores, será que a culpa é só do gramado mesmo?

O jogador de futebol tem é que descer do pedestal e ver que ele é normal igualzinho a todo mundo, só possui uma habilidade que o distingue dos demais. Esse pessoal tem que ser mais humilde e aprender que errar é humano e faz parte do aprendizado e ajuda no crescimento pessoal e profissional. Jogador vive falando que é homem e tal, bate no peito cheio de orgulho, então tá na hora de assumir os erros e mostrar que é homem de verdade. Na hora de jogar para a torcida e dar um carrinho no meio de campo, que muitas vezes não vale nada, é fácil ser aplaudido, mas quando chega o momento de assumir que fez o que a torcida não quer ver, para manter a imagem do ídolo, o “cabra” some. E a culpa vai ser de quem?



quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Na Gaveta da Coruja 3

A Coruja que dormia lá no Barradão deve ter ido embora para não voltar mais depois desse gol!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Chegando lá na Ilha do Retiro

Dia de jogo! Esse sempre é um dia especial e sempre que abro o guarda roupas eu olho todas as camisas do Sport que estão penduradas e fico pensando com qual eu vou. Não me considero  um torcedor muito supersticioso, mas ainda assim eu sempre fico com um pé atrás em escolher a camisa dourada da Libertadores, pois sempre que eu vejo um jogo com ela, seja no estádio ou na TV, o desempenho do Leão é decepcionante. Então escolho a camisa preta, que era 3ª em 2008, pois foi com ela que fui a todos os jogos quando o Sport foi campeão da  Copa do Brasil. Próxima parada: buscar minha noiva e seguir para a Ilha do Retiro.

Quem mora em Recife sabe quão complicado é o trânsito, mas o trajeto entre Casa Amarela e a Torre não é dos mais complicados já alguns atalhos permitem que se livre muito dos engarrafamentos. já na Real da Torre em sentido ao caldeirão rubro negro nos dias de jogo o fluxo não é dos mais encorajadores. O percurso entre o mercado da Madalena e o final da Caxangá não tem mais do que 2km e muitas vezes demora-se de 30 a 40 minutos para percorrê-lo, mas como diz a própria nação: Pelo Sport tudo! Conseguimos chegar a rua José Gonçalves de Medeiros e nela já é possível ver inúmeros torcedores que vão a pé, assim muitos grupos das organizadas que já chegam cantando seus gritos de guerra. 

Finalmente chegamos em frente à sede do clube,  mas ainda há de resolver um problema: estacionar o carro. Ruas estreitas e com poucas opções de estacionamentos pagos podem se tornar um pesadelo para deixar o carro se o torcedor não chegar com uma boa antecedência. Depois de estacionarmos o carro perto do estádio e seguimos pelo portão que dá acesso aos campos de futebol society, onde muitos querem é jogar sua peladinha e tomar uma cerveja ao invés de ir assistir à partida. Ao entrar na área do clube percebe-se que o seu espaço está tomado por carros estacionados em qualquer espaço mínimo possível, pouco importando se a fila é dupla ou tripla. A única coisa que importa é ver o Sport jogar.

Passamos pelo ginásio Marcelino Lopes, verdadeiro ponto de encontro de torcedores antes das partidas do Sport, onde muitos carros estão com malas abertas com o som ligado tocando as músicas do rubro negro pernambucano. O ginásio é rodeado de árvores e dele é possível ver o campo auxiliar onde os jogadores fazem seus treinamentos diários. Infelizmente por essa entrada não é possível passar pelo meio da sede do clube onde a tradicional charanga que fica sempre nas sociais da Ilha já aquece quem passa para ir ao jogo. Depois seguimos para a entrada das cadeiras na “curva do Dubeux”, área de cadeira construída a alguns anos, que foi supervisionada pelo então diretor e atual presidente, Gustavo Dubeux. 

Ao passar pela revista dos policiais, já nos deparamos com a grade onde estão localizadas as catracas que dão acesso a escada para chegar dentro do estádio. No entanto, é possível ainda acompanhar a saída dos jogadores do Leão do apart hotel do estádio, que fica ao lado da entrada para as cadeiras, para as vestiárias. Ao subir os degraus chega-se a um vão amplo onde ficam os banheiros, como também o bar e a barraca de lanche. Mais quatro degraus e a primeira visão que se tem é a da arquibancada frontal, onde ficam a maioria dos torcedores pagantes que não são sócios. Aproveito para dar uma olhada geral no estádio, para ter a certeza que ele ainda é o mesmo. Dou uma olhada cuidadosa na Torcida Jovem, que sempre anima muito o time. A etapa final é subir mais uns degraus para as minhas cadeiras. Sento-me com minha noiva. Agora é abrir ala que o Sport vai jogar!

A queda dos gigantes


Os gigantes são figuras, que segundo a mitologia grega, criadas por Gaia, deusa da Terra, para derrotar Zeus, o Deus dos deuses. Esses seres de enorme estatura podiam ser mortos se atacados por um deus e um por um mortal simultaneamente. Ao contrário desses seres históricos, dois gigantes do futebol brasileiro estão sendo derrubados apenas por mortais. Corinthians e Flamengo, duas das equipes mais caras do atual campeonato brasileiro não conseguem manter-se de pé frente aos ataques de todos aqueles que se encontravam abaixo dos times que ocuparam as duas primeiras posições do brasileirão por oito rodadas. 

Depois de um inicio avassalador com 9 vitórias em 10 jogos, o timão começou a cair de rendimento e os 10 últimos jogos manteve um rendimento de time da zona de rebaixamento com 5 derrotas, 4 vitórias e um empate. Claro que o time não conseguiria manter o aproveitamento de 90%, mas a disparidade é muito grande, principalmente se levarmos em conta um elenco que conta com jogadores muito qualificados como Liedson, Ralf, Chicão e Paulinho. Ainda não fui convencido do futebol praticado pelo time paulista, pois me parece uma equipe sem consistência, que tem uma oscilação muito grande dentro da mesma partida. A tática de esperar o adversário e ficar menos tempo com a bola dá uma desvantagem para a equipe, Já que dessa forma não pode envolver o adversário. O Barcelona é a maior prova que posse de bola é fundamental.

Já o Flamengo, que contratou Ronaldinho Gaúcho, jogador mais bem pago do país, já vem derrapando faz tempo e ficou 10 rodadas do campeonato brasileiro sem ganhar. No 11º jogo conseguiu uma vitória de 2x1, de virada, sobre o América-MG, no Rio, o que não é um grande mérito se levarmos em conta os pesados investimentos feitos pelo time da Gávea. A equipe carioca ainda conta com Thiago Neves, Alex Silva, Renato Abreu e com o goleiro Felipe, além do lateral Léo Moura, que há várias temporadas defende o rubro negro. O Flamengo tem bons jogadores, mas ainda falta um time consistente. O “professor” Luxemburgo não fez questão de manter Juan e até agora o Júnior César não conseguiu ser um substituto à altura. Falta um atacante que decida, já que Deivid mais parece querer matar é o torcedor do coração, com suas incríveis chances desperdiçadas. Futebol é um esporte coletivo, ter um ou dois jogadores sem uma equipe para acompanhá-los de nada vai adiantar.

Independente do resultado do Brasileirão 2011, Flamengo e Corinthians continuarão a ser duas das maiores potencias do futebol canarinho. O crescimento atingido por ambos atingiu níveis colossais e a tendência é a quanto maiores ficam, maiores querem ser não sendo abalados nem por graves crises. O que não é possível é achar que os times são fantásticos, estão muito longe disso. Nomes podem fazer sucesso de marketing e com a torcida, mas só isso não ganha nada. O fracasso corinthiano contra o Tolima na Libertadores desse ano fez o alvinegro paulistano sofrer com um semestre inteiro de prejuízos. As vitórias contra Bahia e América por placares magros demonstram que ainda há muito por fazer. Como sabiamente sempre fala o Muricy Ramalho: “É trabalho meu filho, muito trabalho”. Só assim para os times serem o que muitos acham que eles já são.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Na Gaveta da Coruja 2

Na Gaveta da Coruja

1000 vezes Rogério

Rogério Ceni é o maior goleiro que o Brasil já viu. O País de Manga, Felix e Taffarel nunca teve um representante da camisa 1 tão significativo para o esporte bretão como ele. Sua importância ultrapassa e muito os muros do CT da Barra Funda, assim como do estádio do Morumbi, do São Paulo Futebol Clube, sua casa há mais de 20 anos. O arqueiro é apenas o terceiro boleiro brasileiro a vestir o manto de um mesmo clube por mais de 1000 vezes. Antes dele só Pelé, pelo Santos, e Roberto Dinamite, pelo Vasco.

O feito de Ceni pode ser considerado maior que o do seus antecessores, pois ele vive em uma época de pura mídia, onde jogador vive muito de imagem e está sempre a procura de um contrato melhor não importa onde. O goleiro passou incólume por essa praga e só protegeu as traves da seleção brasileira em algumas poucas ocasiões ( foi campeão na Copa de 2002), além das do tricolor paulista. Além do impressionante número de jogos pelo SPFC, Rogério fez 103 gols, o que torna sua façanha quase tão impressionante quanto a de Pelé que marcou mais de 1000 gols na carreira, tendo em vista que a função daquele, ao contrário da deste último é a de evitar que os gols aconteçam e não fazê-los. 

Muito se fala sobre grande influência dentro do clube, que ele dá palpites em escalações. Recentemente bancou a contratação do veterano Rivaldo, de 39 anos, mostrando já uma veia de gerente de futebol. A verdade é que jogadores que atingem esse tipo de status, como Raul nos seus tempos de Real Madrid, Steven Gerrard no Liverpool e Gatuso no Milan, por exemplo, tem uma participação muito ativa frente ao grupo de jogadores, maior que a influencia da maioria dos técnicos. Eles tem a vantagem de saberem com maior exatidão o que se passa na cabeça do jogador profissional e tem uma proximidade maior que a do “professor”.

Gostem do seu jeito de ser ou não, o fato é que Rogério Ceni tem que ser referenciado por seu profissionalismo e amor à camisa, tão ausente nos dias de hoje.  Acredito que a grande maioria das pessoas preferiria um atleta como ele a ter “craques” como Adriano e Carlos Alberto. Pode-se não concordar com suas atitudes, postura perante muitas situações como também de suas opiniões, mas o fato é que dentro da nova realidade do futebol onde o que importa mais são os contratos milionários e a divulgação da imagem, ter-se o privilégio de acompanhar a carreira de um profissional da bola na sua mais pura essência é extremamente gratificante.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

MMA FC

Na cultura popular é comum referir-se ao brasileiro como um povo lutador, guerreiro, que apesar de todas as dificuldades que lhe são impostas consegue contorná-las, sem perder a alegria que lhe em tão peculiar. Talvez seja essa uma das razões para que o MMA (Mixed Martial Arts) tenha se tornado, nos últimos anos, a mais nova coqueluche esportiva dos brasileiros, que cada vez mais assistem aos brutamontes se esmurrando em uma jaula em forma de octógono. Outra questão que ajuda na divulgação desse esporte é a conexão que está havendo entre os lutadores e os clubes de futebol brasileiros.

O UFC Rio foi um sucesso de público e audiência. Aliás, o público foi um espetáculo à parte. Dos poucos eventos que assisti do Ultimate Fighting nunca tinha percebido uma platéia tão animada, ou até mesmo ensandecida no mais das vezes. Parecia até final de campeonato! Os espectadores ovacionavam os gladiadores da arena como fazem com seus ídolos antes dos jogos de futebol, como também aquele tradicional grito de “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor” sempre presente em jogos da seleção de futebol.

Mas o que me chamou realmente a atenção foi ver que dois dos principais lutadores da noite foram ao octógono para lutar “defendendo” a bandeira de dois grandes clubes brasileiros. Minotauro entrou com uma bandeira do Brasil, mas no lugar do azul do mar estava o símbolo do Internacional de Porto Alegre. Já o super campeão Anderson “ spider” Silva, agenciado por Ronaldo Fenômeno, entrou com uma camisa do Corinthians, clube que o contratou e que vai patrocinar a construção de uma academia de MMA, tendo Silva como principal atleta.

Já vi  muita gente com medo dessa aproximação, porque tem medo que essa proximidade de lutas marciais com futebol termine em mais violência entre torcidas, tendo como pano de fundo os ídolos do MMA. Esse ano um torcedor morreu ao sair de um evento de luta marcial, pois estava vestido com uma camisa do Atlético Mineiro e foi agredido covardemente, e gratuitamente pelo que vi na TV, por marginais vestidos com camisas do Cruzeiro. Para reforçar essa tese, a grande maioria das torcidas organizadas do Brasil mantém academias dos mais variados tipos de artes marciais, o que não ajuda em nada na imagem de violência que essas facções transmitem.

Eu particularmente não acredito em um aumento significativo da violência porque os clubes de futebol estão contratando lutadores profissionais para vestirem as suas camisas. O problema da violência no futebol no Brasil é mais uma questão social e localizada em uma banda podre das torcidas organizadas. É claro que atos de violência sempre vão existir já que algumas pessoas parecem perder a noção do certo e do errado quando defendem as cores do seu tempo. A violência das torcidas, muito antes dessa união com o MMA, já tinha se expandido para o basquete, futsal e vôlei, este último muito conhecido por ser prestigiado por famílias com crianças.

A violência ligada ao futebol é um problema no mundo inteiro e não vai ficar melhor ou pior porque agora os lutadores de MMA estão associados aos clubes de futebol. Até porque ninguém acha que é piloto, e vai sair costurando o trânsito, só porque dirige um carro igual ao que o Corinthians tem na Stock Car. Acredito que o medo pela violência é tanto um esporte ligado à agressividade traga à tona uma maior violência por parte dos torcedores. Mas observando a postura dos atletas, que não pactualizam com a violência e sempre mantém um discurso de respeito ao próximo e de paz e da própria filosofia desse esporte marcial não acredito que haja razão para grandes preocupações.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Ele Merece!

A convocação de Ronaldinho Gaúcho para jogar novamente pela seleção brasileira é mais do que justa. Ele vem fazendo um bom campeonato pelo Flamengo, e nada mais justo do que dar ao craque mais uma chance de vestir a amarelinha. Porém, tenho visto muitos comentaristas e torcedores criticarem essa convocação sob as mais diversas justificativas, o que me parece um tanto injusto.

Ronaldinho já não é um garoto, ele já está na casa dos 30 anos e chegará na Copa de 2014 com 34, o que não é nenhum alento para uma equipe que busca uma renovação, um renejuvescimento. Todavia, com uma carreira com raras lesões o R10 tem um grande potencial técnico para servir a seleção. Não são poucos os exemplos de jogadores veteranos que foram bem em campeonatos mundiais da FIFA. O camaronês Roger Milla, os alemães Lotar Mathaus e Miroslav Klose. Maradona fez três grandes partidas aos 32 anos na Copa dos Estados Unidos, até ser pego no anti dopping.

Até entendo quando alguns dizem que o R10 não tem tanto a oferecer a seleção e que os talentos que temos hoje podem tranquilamente suprir as necessidades da nossa esquadra nacional. Mas o que eu não admito é falar que não pode convocar Ronaldinho porque isso irá prejudicar o flamengo. Isso é um absurdo! Qualquer time grande que se preze quer ser campeão de todos os torneios que participa e para tanto é essencial ter um elenco forte com grandes jogadores. 

Nada mais justo então que levar para a seleção, a maior honra para um jogador profissional, os melhores e mais talentosos atletas que estão desenvolvendo o melhor do futebol em seus clubes. Justificar isso seria o mesmo que o Real Madrid contratar o Cristiano Ronaldo e não querer que ele seja convocado para a seleção portuguesa.
Ronaldinho Gaúcho é o mais espetacular jogador que vi jogar. Ele não é, necessariamente, o melhor, mas com certeza o mais habilidoso e o que consegue fazer coisas impensáveis com uma bola no pé. A sua genialidade e percepção de jogo, aliadas a um talento incrível para fazer lançamentos que, de tão perfeitos, não fariam feio frente à Gerson, o nosso canhotinha de ouro.

Eu o vi jogar na Ilha do Retiro uma vez, quando o Sport foi eliminado pelo Grêmio, nas quartas de final da Copa João Havelange. A, até então, promessa do time gaúcho fez o gol que eliminou o Leão pernambucano em seu estádio. Mas não apenas isso; ele fez uma partida esplendorosa deixando a zaga rubro negra, como sua torcida, apreensivos durante os mais de noventa minutos de jogo. Nunca vira um jogador como ele, mas sabia que ele ainda nos daria muita alegria e já o imaginava na seleção junto com Ronaldo Fenômeno  e Romário que  era o craque do Vasco da Gama.

Eu particularmente acredito que o Ronaldinho ainda tem algo a oferecer e pode muito bem ser um jogador de elenco e não a estrela da seleção canarinha na Copa de 2014. Ele é muito profissional, tem um bom relacionamento nos clubes que joga, alegra o ambiente, além de poder decidir um jogo em uma jogada de habilidade, como naquele gol contra a Inglaterra em 2002. Ele pode até repetir uma atuação como a que teve contra o Santos na Vila Belmiro. Ele com certeza será uma opção mais válida do que foram Kleberson e Júlio Baptista na última Copa e Elano na Copa América da Argentina.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Na Gaveta da Coruja

Primeiro gol da série Na Gaveta da Coruja, onde o que vale é acordar essa ave preguiçosa!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Identidade Goleiro

Muitos torcedores e comentaristas reclamam que, no Brasil, não existe mais o amor à camisa, que os jogadores profissionais não têm mais uma profunda identificação com os clubes que defendem (salvo raras exceções ) e que vão para onde o dinheiro aponta. Faz-se uma comparação com grandes clubes da Europa onde boleiros passam carreiras inteiras em um único clube, jogando por lá 10, até 20 anos.
Aqui no nosso País, ao menos uma posição, percebe-se claramente essa particularidade: a de goleiro. Posição que, segundo os poetas da bola, de tão miserável e ingrata que é não deixa nem crescer a relva sagrada do campo de jogo. São jogadores cuja função é a mais ingrata do mundo do futebol; a de evitar o seu momento mais sublime, o gol. Eles ficam durante muito tempo observando o jogo sozinhos, comemoram gols, em grande parte das vezes, sós (ressalvando os goleiros artilheiros).
O caso mais emblemático e representativo é de Rogério Ceni. O arqueiro, que desde 1997 tomou para si a guarda da meta do São Paulo Futebol Clube, quando substituiu o maravilhoso Zetti, já está prestes a completar 1000 jogos pelo tricolor paulista, além de alcançado a incrível marca de 100 gols marcados pelo clube, fato que o alçou a ser o maior goleiro artilheiro da história do futebol mundial. O ápice de sua carreira foi a final do Mundial de Clubes em 2005 quando Rogério fechou o gol tricolor contra o poderoso Liverpool, da Inglaterra. Fez memoráveis defesas, principalmente em sua falta batida pelo capitão da equipe inglesa, Steven Gerrard. Ceni não é apenas um jogador do clube paulista, ele é o líder do elenco, o símbolo de um clube campeão, que é exemplo para muitas agremiações. Mas, acima de tudo, ele é um exemplo de profissionalismo e de como se deve levar a sério o futebol profissional.
O segundo da lista é Marcos do Palmeiras. Apelidado carinhosamente de São Marcos, após substituir Velloso, um dos maiores ídolos do clube, durante a Taça Libertadores, de 1999. Com defesas fantásticas e dono de um incrível reflexo para defender pênaltis, ele foi alçado a condição de santo. O ponto alto da vitoriosa campanha no torneio sul-americano foi a eliminação do arqui rival Corinthians tendo Marcos defendido um pênalti do pé de anjo do Parque São Jorge, Marcelinho Carioca. As suas excelentes atuações o credenciaram para ser o titular da Seleção Brasileira da campanha do pentacampeonato, na Copa de 2002. Ele sucumbiu junto com a equipe palmerense para a segunda divisão e subiu de volta para a elite do futebol nacional pela equipe alviverde. Porém, depois do torneio mundial o santo alviverde sofreu com contusões que minaram sua carreira, mas não diminuíram sua condição de ídolo e principal representante da fértil academia de goleiros do Palestra.
O terceiro não atuou apenas por uma equipe, mas Harlei, goleiro do Goiás desde 1999, criou uma profunda identificação com o esmeraldino goiano. Ele já levou o time da Série B para a Série A, recentemente fez o caminho de volta, mas ainda hoje aos 39 anos, está longe de ser contestado. Pelo contrário, ele é chamado de muralha esmeraldina pela imensa torcida do clube goiano. Harlei é a segurança da defesa goiana e o atual capitão já levantou diversos troféus pela equipe e, no ano passado, foi vice campeão da Copa Sul americana, mesmo sendo o time rebaixado para a segunda divisão. O arqueiro do Goiás pode não ter alcançado o sucesso dos dois anteriores, mas o mineiro, ídolo do maior clube do central do Brasil, é um exemplo de fidelidade e identificação.
Existem ainda, na minha percepção, outros três goleiros que merecem destaque. O primeiro deles é Magrão, que defende o Sport Recife há seis temporadas, mas galgado a posição de principal ídolo dos últimos anos. Carlinhos Bala, Ciro e Marcelinho Paraíba não se igualam ao paredão da ilha cujo prestigio está mobilizando torcedores que querem construir uma estátua do ídolo na sede do clube. Fábio, do Cruzeiro, é outro que merece destaque. O jovem arqueiro do clube mineiro já foi com a raposa a uma final de Libertadores e, desde o lendário Dida, a equipe não tinha um grande ídolo debaixo das traves. Por último, Victor, do Grêmio. O tricolor Gaúcho já estuda propor um contrato vitalício ao arqueiro que preencheu a lacuna deixada pelo ídolo Danrley, que conquistou com o Grêmio a Taça Libertadores de 1995.
Ainda estamos a quilômetros de distância em comparação com os clubes europeus, mas o abismo que separa essas duas realidades está, hoje, um pouco menor. Se um dia conseguirmos fazer e manter nossos jogadores por aqui e, a partir daí, tentar introduzir na cultura dos boleiros brasileiros a fidelidade ao clube será ótimo. Então, nada melhor do que começar pelos goleiros, afinal de contas quem não precisa de um ótimo camisa 1?

Que coisa linda é uma partida de futebol!

Um jogaço! Essa é a melhor definição para partida entre Santos e Flamengo, na última quarta-feira, na Vila Belmiro, estádio que serviu de palco para inúmeros espetáculos protagonizados pelo Santos de Pelé. O que se viu no gramado do estádio santista, principalmente, por Neymar e Ronaldinho Gaúcho foi digno de celebração por todos os reinos do esporte bretão.
A velocidade do Santos de Neymar é impressionante. A capacidade de uma equipe, que, enfim, estreou completa na 13ª rodada do Campeonato Brasileiro, manteve-se quase intacta mesmo depois de suas estrelas ficarem afastadas por um longo tempo devido à participação deles na Copa América. Com uma ressalva feita a Paulo Henrique Ganso, que ainda não conseguiu desenvolver o futebol conhecido pelos brasileiros, Elano e Neymar jogaram muito bem, principalmente este último que fez 2 gols, sendo o primeiro gol do jovem atacante do peixe digno de placa.
Quando Neymar recebeu a bola, na ponta esquerda, ele recebeu o combate de dois marcadores, mas o lateral Leonardo Moura, um dos melhores do Brasil, e o volante Willians não conseguiram impedir o avanço do atacante na diagonal, em direção ao gol. O camisa 11 deu um toque com o lado de fora do pé para Borges, que esperou o avanço de Neymar e tocou a bola para o jovem atacante ao lado da meia lua da grande área. Quando o atacante santista recebeu a bola, ele, com um leve toque, deu um drible da vaca no experiente zagueiro Ronaldo Angelim, cuja idade é quase o dobro da de Neymar. O toque final, que encobriu o goleiro Felipe e abraçou o fundo das redes, foi a cereja do bolo, o grand finale de uma obra prima da mais pura arte do futebol brasileiro.
Há de se ressaltar, também, a atuação de gala com a qual Ronaldinho Gaúcho presenteou, em solo brasileiro, pela primeira vez, o público tupiniquim. Seus espetáculos, muito próximos ao de um jogador virtual de videogame, com tantos malabarismos e dribles fenomenais não encantavam há muito tempo. As firulas dos tempos de PSG e Barcelona ficaram para trás, mas o show de técnica de objetividade do camisa 10 da Gávea passa uma borracha nas atuações protocolares, quase programadas, do RG10 e a esperança de uma volta do seu mágico futebol parece menos distante. A cobrança de falta por baixo da barreira foi um ato de gênio, realmente digno de uma majestade do futebol. Ronaldinho honrou, com sobras, a camisa imortalizada por Zico.
Muito se falou sobre a má atuação dos setores defensivos de Santos e Flamengo, mas convenhamos que isso é para os que não apreciam o futebol jogado à brasileira, o futebol que fez o Brasil ser reconhecido como o País do futebol arte. Essa evolução tática e física no futebol o tornou, em parte, chato. Os treinadores, muitas vezes, preferem uma “goleada” de 1x0, pois vale os mesmos 3 pontos de um 5x4. Todavia, não é o pragmatismo que lota os estádios e jogadores como Ronaldo, Neymar e Ronaldinho são reverenciados justamente por fugirem do pragmatismo. “Eu quero ver gol, não precisa ser de placa, eu quero ver gol”, essa música do Rappa traduz bem o desejo do brasileiro quando vai ao estádio ver o seu time jogar.
Essa maravilhosa partida ficará imortalizada como um dos maiores clássicos da história do futebol brasileiro. Vai ser um jogo que eu contarei aos meus filhos e netos (quando eles vierem), como um dos mais emocionantes que vi na vida. Nem mesmo um estúpido ato de racismo de alguns torcedores do Santos por meio de agressões verbais ao atacante do Flamengo, Diego Maurício, é capaz de manchar a noite em que o espírito esportivo de duas equipes da mais alta tradição no Brasil protagonizaram, presenteando os espectadores com o melhor do que o futebol pode oferecer. Quem comprou o ingresso para assistir na Vila Belmiro deveria guardá-lo como recordação de uma noite em que o futebol nos fez esquecer quaisquer problemas por aqueles mágicos 90 minutos. 

Isso não é futebol

A agressão feita pelo goleiro Gustavo, do Sport, contra o jogador Elivelton, do Vasco da Gama, durante a Taça BH de futebol Júnior foi um ato extremamente intempestivo, descontrolado e absurdamente covarde, mas, infelizmente, não é um caso isolado no futebol brasileiro. O descontrole emocional do atleta foi a exteriorização de uma ausência quase total da formação dos jogadores não apenas como atletas profissionais, mas também como seres humanos.
O exemplo que os jovens atletas têm de jogadores consagrados como Edmundo, que já se meteu em inúmeras confusões dentro e fora de campo, inclusive tirando a vida de pessoas, como também de Adriano e Vagner Love que se deixaram fotografar e filmar em festas promovidas por traficantes e simplesmente dizem que não vão abandonar suas raízes e não existe nenhum tipo de conseqüência não estimula, de forma nenhuma a boa formação cidadã dos jogadores das categorias de base em nosso futebol.
O próprio Sport  Club do Recife não dá um bom exemplo de conduta com atletas do seu elenco profissional envolvidos em casos de agressão. Na final do Campeonato Pernambucano 2011, o meia Marcelinho PB agrediu Everton Sena, jogador que o marcou, sempre de forma leal, nas duas partidas que decidiram o Estadual deste ano. O meia do Sport deu um soco por trás, sem chance de defesa, no atleta do Santa Cruz, foi devidamente expulso pelo árbitro da partida, mas a diretoria do clube não tomou nenhuma atitude disciplinar próxima a que resultou na demissão do jovem goleiro.
Não que a demissão seja errada, de forma nenhuma, mas uma agressão é uma agressão e deve ser tratada da mesma forma independente de quem a comete. Não é porque um está no começo da carreira e outro no final, que este último não responda de forma equânime. Esse juízo de valor torto e essa certeza, ou quase, de impunidade podem ter aumentado a influência sobre Gustavo para que ele cometesse um ato de tamanha insensatez. A presidência do Sport já anunciou que irá fazer um acompanhamento psicológico com o atleta para tentar identificar se existe algum problema dessa ordem com o jogador. Atitude louvável, mas repito por que não o fez também com Marcelinho?
Mas apenas a punição sumária da demissão é mais uma satisfação para a mídia e para os moralistas do que uma solução prática ajudar a pessoa humana. Casos recentes, como o do atacante Jóbson, do Bahia, mostram que muitos atletas problemáticos que tiveram uma segunda chance, às vezes até uma terceira, conseguiram dar a volta por cima e usufruir do esporte de maneira extremamente saudável, jogando o mais puro futebol. Não se pode simplesmente pegar um jovem jogador e bani-lo do clube. A punição tem que existir, mas antes de ser um jogador de futebol ele é um ser humano, passível de cometer erros.
O pior é que na semana anterior jogadores dos juniores do Clube Náutico Capibaribe pregaram um trote em um, pura coincidência, goleiro recém chegado do Rio Grande do Sul. O trote não foi uma brincadeira para fazê-lo interagir com seus novos companheiros de clube, mas uma covarde agressão regrada a socos e pontapés que fez o goleiro gaúcho fugir do alojamento dos atletas pular o muro dos Aflitos para pedir socorro e durante essa “fuga” ele machucou os dois pés. Por sorte não teve nenhuma fratura grave e sua carreira não será afetada por este fato. Os responsáveis pelas categorias de base do Náutico estão averiguando quem foram os responsáveis pela “brincadeira” e punir proporcionalmente à participação no caso, incluindo os que se omitiram tanto em ajudar o goleiro, como em avisar os dirigentes.
O futebol faz parte da essência do que representa ser um brasileiro, ele é um espelho de nossa sociedade. Não é possível imaginar o nosso País sem o esporte que o representa mundialmente. É fundamental que a discussão sobre a formação dos nossos atletas seja profunda, não podemos nos dar ao luxo de criar jóias amorfas encefalicamente, puramente programadas para realizar movimentos dentro de um campo de jogo, devemos nos preocupar com a formação e a educação dos nossos atletas que servem de exemplo para milhões de crianças de jovens no Brasil e no Mundo.

Rock n´ Roll

Eu amo o Rock, ele faz parte da minha vida desde os 8 anos. É um estilo que define muito do que eu sou e é o tipo de música que me faz sentir parte de algo maior. Minha primeira experiência com o rock era quando meu irmão mais velho ia me visitar e ele sempre carregava consigo umas fitas k-7 do Rush e do Pink Floyd, as quais invariavelmente iam parar na radiola do nosso pai. Acredito que ele não gostava muito daquilo, mas nunca perguntei.
A grande virada musical da minha vida aconteceu em 91, mais precisamente no Rock in Rio II. Assisti todos os shows que passavam na televisão e eu virei um imediato fã do Sepultura, do Guns n´ Roses e do Judas Priest, o que não era pouco para um moleque de 10 anos da provinciana Recife. Lembro que os vendedores das lojas de discos (principalmente da extinta Aky Discos) ficavam meio abismados comigo comprando discos como o Appetite for Destruction, do Guns que tem uma mulher estuprada na capa ou então o Arise e o Beneath the Remains do Sepultura com figuras no mínimo grotescas em suas capas.
Muitos, ainda hoje, acham que eu tenho problemas por causa desse meu gosto musical peculiar. Não dá pra explicar o sentimento que envolve o Rock/Heavy Metal para aqueles que não gostam ou não respiram esse estilo. Infelizmente o preconceito vem dos dois lados e como eu não sei quem começou essa briga eu me abstenho das inférteis discussões a respeito e ignoro quem fala o que não sabe. O meu incomodo pela esteriotipação, pelas piadas ou pela estupidez ignorante passou junto com a minha adolescência.
Não há nada mais revigorante do que uma boa música. Nada melhor do que um bom e velho Trash/Death Metal para extravasar as raivas;  Creeping Death  e Roots Bloody Roots são as minhas prediletas. Os hinos do metal melódico são ótimos para a auto estima, dá uma sensível melhorada no humor. E aquele rockzão tradicional do Deep Purple, do Scorpions, dos Titãs, dos Paralamas é perfeito para curtir com a galera. Isso sem falar na diversão garantida que é ouvir os protestos do descompromissado “três acordes” do punk rock.
Todo mundo gosta, gostou ou ainda vai gostar de Rock, tendo em vista que é um estilo com diversos subgêneros e que está infiltrado em todos os cantos do mundo (apesar do mundo ser redondo). E a todos que gostam desse maravilhoso estilo musical eu desejo um FELIZ DIA DO ROCK!
13 de julho de 2011

Isso é só o começo

Não foi a estréia que se esperava. A seleção de Mano Menezes ficou muito aquém do esperado por toda a expectativa que há com relação às novas jóias do futebol brasileiro. Ganso e  Neymar não produziram nem 20% do que, normalmente, fazem pelo time do Santos. É obvio que não é correto já começar a jogar pedras e chamar esse ou aquele de amarelão, como também dizer que o técnico é burro, até porque se existe alguém preparado para assumir a Seleção Brasileira, este é Mano Menezes. Já levantou dois gigantes que caíram para a Série B, levou o Grêmio à final da Libertadores, foi Vice-Campeão da Copa do Brasil em 2008 e depois Campeão em 2009, ambas pelo Corinthians Paulista.
Quando eu era adolescente, me lembro bem das goleadas de 6, 7, 8 gols do Brasil sobre a Venezuela. Lembro do massacre de Careca, do golaço de Ronaldinho Gaúcho. Essa é a minha memória venezuelana. Parece que quanto mais afunda na ditadura do Presidente Hugo Chavéz mais cresce o futebol no país sulamericano que tem como esporte número 1 o baseball. É evidente a evolução em termos táticos e técnicos do nosso vizinho do norte, mas esperar não menos do que uma convincente vitória diante dos venezuelanos é desmerecer o futebol brasileiro, ainda muito superior.
Tudo bem, concordo com essa história de que não há mais bobo no futebol. As equipes mais fracas armam esquemas ultra defensivos e se tiverem uma única chance de fazer um gol será ela aproveitada (ou ao menos tentada). Esperar uma Venezuela assim não é nenhuma surpresa, mas sim um Brasil apático com jogadores sem movimentação, só esperando a bola no pé. Pareciam sem disposição, salvo raras exceções, sem vontade de correr, brigar. Pareciam mais estar cumprindo uma obrigação de jogar do que um prazer, um orgulho de representar a Seleção Brasileira. Mano é um técnico que cobra muito dos seus atletas e não de deixar os atletas fazerem corpo mole. Ele já vem testando algumas mudanças nos treinos da semana.
É necessário ter ainda um pouco de paciência com esse time time, que ainda está sendo arrumado. Agora, é válido ressaltar que, em parte, o Dunga tinha razão. Ganso e Neymar tremeram, sentiram a responsabilidade na estréia da Copa América, imaginemos na Copa do Mundo, como não seria? O ex-técnico da seleção pode até ter errado em muitos outros aspectos, mas neste, especificamente, parece que não. Esperemos cenas dos próximos capítulos.