Jogador de futebol é um ser curioso. Apesar de jogar um esporte coletivo onde depende de, pelo menos, os outros 10 atletas que estão em seu time, além dos 11 da equipe adversária ele é um ser extremamente egoísta. Aquela história de coletividade onde “todo mundo ganha” e “todo mundo perde” é uma bela de uma balela para inglês ver. A verdade é que assistindo futebol há uns 20 anos eu não me lembro de jogador dizendo que a culpa é dele por uma derrota ou ele esteve em atuação ruim. O máximo que já vi foi um ou outro admitir que “a fase não é a melhor”, mas isso está longe de retratar, muitas vezes, a realidade.

A próxima vítima é a bola. Não consigo me divertir com aquele discurso velho e batido de que “a bola não quis entrar”, ou então que “poderíamos ficar até amanhã e ela não entraria”. Entendo quando um piloto diz que o carro estava com um problema e fez uma corrida ruim, mas culpar a bola é demais. Esse ser redondo e inanimado responde a duas leis: a da física e a da gravidade, não há vontade, mas para não se chamar de incompetente, o atleta bota a culpa em naquilo que menos tem culpa, a bola. Aliás, ela deveria ser muito bem tratada e não servir de bode expiatório para qualquer caneludo desse mundo da bola. Eu duvido o Messi, o Pelé, o Puskas botarem a culpa nela. Tem outra vítima dos boleiros que é a trave. Como é que um poste branco, aliás, um conjunto de postes brancos, imóveis, pode ter culpa de alguma coisa? Se o cidadão que chuta a bola não consegue acertar um alvo de 2,44m de altura por 7,32 m de comprimento não tem o direito de colocar a culpa em mais ninguém, ou em mais nada. Às vezes eu acho que o jogador imagina existir um conchavo entre a bola e a trave para que a rede permaneça “virgem” durante os 90 minutos.

O jogador de futebol tem é que descer do pedestal e ver que ele é normal igualzinho a todo mundo, só possui uma habilidade que o distingue dos demais. Esse pessoal tem que ser mais humilde e aprender que errar é humano e faz parte do aprendizado e ajuda no crescimento pessoal e profissional. Jogador vive falando que é homem e tal, bate no peito cheio de orgulho, então tá na hora de assumir os erros e mostrar que é homem de verdade. Na hora de jogar para a torcida e dar um carrinho no meio de campo, que muitas vezes não vale nada, é fácil ser aplaudido, mas quando chega o momento de assumir que fez o que a torcida não quer ver, para manter a imagem do ídolo, o “cabra” some. E a culpa vai ser de quem?
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