Já dizia Euclides da Cunha em um dos seus mais notórios romances: “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Essa frase resume bem e, de certa forma, representa o que é a torcida do Santa Cruz. O tricolor pernambucano representa um caso raro de uma torcida que tomou uma dimensão tão grande quanto o time que ela empurra das arquibancadas. Entre 2006 e 2010, o clube e a sua massa de seguidores conheceram todos os tipos de decepções e dificuldades que um clube, que outrora tivera tempos de glória e chegou a figurar entre os maiores do país, pode passar. Três rebaixamentos seguidos e duas participações seguidas, e frustrantes, na série D, a última do futebol profissional no Brasil, em nada amenizava um futuro que se vislumbrava cada dia mais negro.

A torcida tricolor, e a alvirrubra da mesma forma, comemorou bastante o título do Pernambucano 2011, que não ia para as Repúblicas Independentes do Arruda desde 2005. Não obstante o entusiasmo, o objetivo de sair da série D ainda não fora alcançado e o Santa ainda havia perdido Gilberto, seu principal artilheiro, para o Internacional de Porto Alegre. Quando a competição começou, apesar do escasso plantel e da assiduidade dos jogadores ao departamento médico do clube, o Santa passou por Alecrim/RN, Guarany de Sobral, Porto de Caruaru e um xará do Rio Grande do Norte. Durante toda a campanha da primeira fase, o time era destaque dos principais jornais esportivos nacionais e alguns internacionais não pelo seu futebol, mas pela devoção de sua torcida que “invadiu” Coruripe e João Pessoa em algumas ocasiões para jogos que mais pareciam em sua casa do que na do adversário.
Na segunda fase, o tricolor passou apertado pelo Coruripe, em Alagoas, com um empate de 0x0 que deixou o coração do torcedor angustiado até o apito final. A terceira fase era a mais importante do campeonato, pois quem passasse por ela já estava automaticamente ascendido à série C. E como tudo parece ser mais difícil para a cobra coral, o time enfrentaria o tradicional Treze-PB, que contava com o artilheiro Warley, ex-São Paulo. O jogo no estádio Amigão, em Campina Grande, foi um dos mais complicados e considerado o melhor jogo da competição, pois o Santa chegou a estar perdendo por dois a zero, mas, no final, a equipe pernambucana conseguiu um vitorioso empate, por pouco, não saiu com uma vitória, que lhe renderia uma boa vantagem para o jogo de volta.

O clube parece que, agora, está no caminho certo para voltar a viver seus tempos mais vitoriosos, organizando todo o seu departamento de futebol amador e profissional, já com planos para um centro de treinamento e um projeto para uma completa modernização do seu estádio. No entanto, o bem mais precioso do Santa Cruz é a sua torcida, uma massa que demonstrou um amor incondicional no pior dos cenários, mas é bom que isso não crie um certo conformismo em saber que ela estará sempre haja o que houver. O tricolor tem que cuidar dela com o maior cuidado, porque quem tem um bem dessa magnitude não pode subvalorizá-lo jamais, pois isso é que muitos clubes buscam durante toda a sua existência. Parabéns ao Santa Cruz Futebol Clube e que ele volte rápido para um lugar mais digno de sua história e importância.
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