segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Que coisa linda é uma partida de futebol!

Um jogaço! Essa é a melhor definição para partida entre Santos e Flamengo, na última quarta-feira, na Vila Belmiro, estádio que serviu de palco para inúmeros espetáculos protagonizados pelo Santos de Pelé. O que se viu no gramado do estádio santista, principalmente, por Neymar e Ronaldinho Gaúcho foi digno de celebração por todos os reinos do esporte bretão.
A velocidade do Santos de Neymar é impressionante. A capacidade de uma equipe, que, enfim, estreou completa na 13ª rodada do Campeonato Brasileiro, manteve-se quase intacta mesmo depois de suas estrelas ficarem afastadas por um longo tempo devido à participação deles na Copa América. Com uma ressalva feita a Paulo Henrique Ganso, que ainda não conseguiu desenvolver o futebol conhecido pelos brasileiros, Elano e Neymar jogaram muito bem, principalmente este último que fez 2 gols, sendo o primeiro gol do jovem atacante do peixe digno de placa.
Quando Neymar recebeu a bola, na ponta esquerda, ele recebeu o combate de dois marcadores, mas o lateral Leonardo Moura, um dos melhores do Brasil, e o volante Willians não conseguiram impedir o avanço do atacante na diagonal, em direção ao gol. O camisa 11 deu um toque com o lado de fora do pé para Borges, que esperou o avanço de Neymar e tocou a bola para o jovem atacante ao lado da meia lua da grande área. Quando o atacante santista recebeu a bola, ele, com um leve toque, deu um drible da vaca no experiente zagueiro Ronaldo Angelim, cuja idade é quase o dobro da de Neymar. O toque final, que encobriu o goleiro Felipe e abraçou o fundo das redes, foi a cereja do bolo, o grand finale de uma obra prima da mais pura arte do futebol brasileiro.
Há de se ressaltar, também, a atuação de gala com a qual Ronaldinho Gaúcho presenteou, em solo brasileiro, pela primeira vez, o público tupiniquim. Seus espetáculos, muito próximos ao de um jogador virtual de videogame, com tantos malabarismos e dribles fenomenais não encantavam há muito tempo. As firulas dos tempos de PSG e Barcelona ficaram para trás, mas o show de técnica de objetividade do camisa 10 da Gávea passa uma borracha nas atuações protocolares, quase programadas, do RG10 e a esperança de uma volta do seu mágico futebol parece menos distante. A cobrança de falta por baixo da barreira foi um ato de gênio, realmente digno de uma majestade do futebol. Ronaldinho honrou, com sobras, a camisa imortalizada por Zico.
Muito se falou sobre a má atuação dos setores defensivos de Santos e Flamengo, mas convenhamos que isso é para os que não apreciam o futebol jogado à brasileira, o futebol que fez o Brasil ser reconhecido como o País do futebol arte. Essa evolução tática e física no futebol o tornou, em parte, chato. Os treinadores, muitas vezes, preferem uma “goleada” de 1x0, pois vale os mesmos 3 pontos de um 5x4. Todavia, não é o pragmatismo que lota os estádios e jogadores como Ronaldo, Neymar e Ronaldinho são reverenciados justamente por fugirem do pragmatismo. “Eu quero ver gol, não precisa ser de placa, eu quero ver gol”, essa música do Rappa traduz bem o desejo do brasileiro quando vai ao estádio ver o seu time jogar.
Essa maravilhosa partida ficará imortalizada como um dos maiores clássicos da história do futebol brasileiro. Vai ser um jogo que eu contarei aos meus filhos e netos (quando eles vierem), como um dos mais emocionantes que vi na vida. Nem mesmo um estúpido ato de racismo de alguns torcedores do Santos por meio de agressões verbais ao atacante do Flamengo, Diego Maurício, é capaz de manchar a noite em que o espírito esportivo de duas equipes da mais alta tradição no Brasil protagonizaram, presenteando os espectadores com o melhor do que o futebol pode oferecer. Quem comprou o ingresso para assistir na Vila Belmiro deveria guardá-lo como recordação de uma noite em que o futebol nos fez esquecer quaisquer problemas por aqueles mágicos 90 minutos. 

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