segunda-feira, 12 de setembro de 2011

MMA FC

Na cultura popular é comum referir-se ao brasileiro como um povo lutador, guerreiro, que apesar de todas as dificuldades que lhe são impostas consegue contorná-las, sem perder a alegria que lhe em tão peculiar. Talvez seja essa uma das razões para que o MMA (Mixed Martial Arts) tenha se tornado, nos últimos anos, a mais nova coqueluche esportiva dos brasileiros, que cada vez mais assistem aos brutamontes se esmurrando em uma jaula em forma de octógono. Outra questão que ajuda na divulgação desse esporte é a conexão que está havendo entre os lutadores e os clubes de futebol brasileiros.

O UFC Rio foi um sucesso de público e audiência. Aliás, o público foi um espetáculo à parte. Dos poucos eventos que assisti do Ultimate Fighting nunca tinha percebido uma platéia tão animada, ou até mesmo ensandecida no mais das vezes. Parecia até final de campeonato! Os espectadores ovacionavam os gladiadores da arena como fazem com seus ídolos antes dos jogos de futebol, como também aquele tradicional grito de “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor” sempre presente em jogos da seleção de futebol.

Mas o que me chamou realmente a atenção foi ver que dois dos principais lutadores da noite foram ao octógono para lutar “defendendo” a bandeira de dois grandes clubes brasileiros. Minotauro entrou com uma bandeira do Brasil, mas no lugar do azul do mar estava o símbolo do Internacional de Porto Alegre. Já o super campeão Anderson “ spider” Silva, agenciado por Ronaldo Fenômeno, entrou com uma camisa do Corinthians, clube que o contratou e que vai patrocinar a construção de uma academia de MMA, tendo Silva como principal atleta.

Já vi  muita gente com medo dessa aproximação, porque tem medo que essa proximidade de lutas marciais com futebol termine em mais violência entre torcidas, tendo como pano de fundo os ídolos do MMA. Esse ano um torcedor morreu ao sair de um evento de luta marcial, pois estava vestido com uma camisa do Atlético Mineiro e foi agredido covardemente, e gratuitamente pelo que vi na TV, por marginais vestidos com camisas do Cruzeiro. Para reforçar essa tese, a grande maioria das torcidas organizadas do Brasil mantém academias dos mais variados tipos de artes marciais, o que não ajuda em nada na imagem de violência que essas facções transmitem.

Eu particularmente não acredito em um aumento significativo da violência porque os clubes de futebol estão contratando lutadores profissionais para vestirem as suas camisas. O problema da violência no futebol no Brasil é mais uma questão social e localizada em uma banda podre das torcidas organizadas. É claro que atos de violência sempre vão existir já que algumas pessoas parecem perder a noção do certo e do errado quando defendem as cores do seu tempo. A violência das torcidas, muito antes dessa união com o MMA, já tinha se expandido para o basquete, futsal e vôlei, este último muito conhecido por ser prestigiado por famílias com crianças.

A violência ligada ao futebol é um problema no mundo inteiro e não vai ficar melhor ou pior porque agora os lutadores de MMA estão associados aos clubes de futebol. Até porque ninguém acha que é piloto, e vai sair costurando o trânsito, só porque dirige um carro igual ao que o Corinthians tem na Stock Car. Acredito que o medo pela violência é tanto um esporte ligado à agressividade traga à tona uma maior violência por parte dos torcedores. Mas observando a postura dos atletas, que não pactualizam com a violência e sempre mantém um discurso de respeito ao próximo e de paz e da própria filosofia desse esporte marcial não acredito que haja razão para grandes preocupações.

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