O começo do ano para os futebolistas brasileiros é lento, feito, com muita boa vontade, em segunda marcha. O público tupiniquim tem que se deliciar é com o futebol no velho mundo e com outros esportes, já que no mês de janeiro os campeonatos estaduais, principalmente no começo, não empolgam o grande público, salvo raras exceções. Mas enquanto os gramados brasileiros ainda se recuperam da ressaca do réveillon, grandes torneios de esportivos estão a todo vapor e o espectador brasileiro se “aquece” para a nova temporada acompanhando as estrelas internacionais pela televisão.
Aldo mantém cinturão dos peso pena do UFC
O primeiro mês do ano tem sido de grandes espetáculos mundo afora, a começar pelo UFC 142 no Rio de Janeiro. A maior competição de MMA do mundo teve como principais atrações os brasileiros Vitor Belfort, que finalizou Anthony Johnson com um mata leão, e José Aldo que manteve o cinturão dos pesos pena com uma bela joelhada no melhor estilo street fighter. O sucesso dessa segunda edição brasileira do evento foi tamanho que São Paulo está sendo cogitada para receber o desembarque da trupe de Dana White para mais uma noitada de chutes e pontapés dentro do octógono mais famoso do planeta.
Na seara futebolística, o ano já começou com dois embates, mais que fantásticos, entre Barcelona e Real Madrid, tendo o time catalão levado a melhor mais uma vez. Assistir a esse super embate levou a uma reflexão: o time catalão parece uma orquestra tocando uma sinfonia de Beethoven ou Tchaikovsky – os zagueiros parecem os percursionistas que dão fundo e sustentação à peça, já os meio campistas seriam as madeiras que oferecem classe e leveza na transição entre uma parte e outra do campo. Há, ainda, o pianista Valdes que dá um tom de fundo com performances solo transformadas em defesas incríveis. O primeiro violinista Lionel Messi, com solos que encantam fãs ao redor do mundo, é o chefe da orquestra se subordinando apenas ao maestro Guardiola.
Sérvio levanta o troféu do primeiro Grand Slam de 2012
Por último, mas não menos espetacular, os amantes do esporte assistiram a um esporte cujo palco não deve nada ao dos maiores teatros do globo: o tênis. Roger Federer, Rafael Nadal, Andy Murray e Novak Djokovic presentearam os espectadores com duelos históricos. Nem mesmo uma parceria entre Meryl Streep, Clark Gable e Sir Sean Connery dirigidos por Woody Allen não fariam a platéia que estava em Melbourne sentir deleite maior. A semi final entre Nadal e Federer foi digna de um confronto entre dois tenistas que ocuparam o mais alto posto do ranking.
O jogo entre Djokovic, atual nº1 do ranking mundial e o Inglês Murray, o 4º melhor do mundo, durou 5 horas, teve duas viradas e foi muito comemorada pelo sérvio que está em uma fase onde até seus erros são acertos. A final entre Rafa e Novak foi espetacular: durante quase 6 horas viu-se um estafante desafio em que o jogo físico e agressivo do espanhol Nadal não foi suficiente para evitar o tricampeonato do melhor tenista do mundo e acabar com a sua freguesia ante o sérvio, que já dura oito finais consecutivas. Se este foi apenas o primeiro mês do ano, 2012 promete muitas, e fortes, emoções.
“Clássico
é clássico e vice-versa”. Esse divertido jargão boleiro resume bem o que é essa
partida peculiar. Duas equipes, normalmente equivalentes, senão tecnicamente,
mas sempre historicamente, desenvolvem, no decorrer dos anos, uma rivalidade
que ultrapassa, e muito, as barreiras triviais de disputa dentro das quatro
linhas. O futebol está longe de ser um esporte justo e um clássico é disputado
por times muito semelhantes e, muitas vezes, a superioridade demonstrada por um
dos lados, seja no volume de jogo, na técnica ou na vontade, termina derrotada
devido a um lance isolado de bola parada ou jogada individual.
O duelo centenário entre Sport e Náutico, chamado de “clássico dos clássicos”,
ganhou, na última década, uma força e dimensão antes inimaginável, não só pelo
crescimento técnico e financeiro dos dois clubes como pela queda vertiginosa do
terceiro componente do trio de ferro da capital pernambucana: o Santa Cruz. As
duas agremiações passaram disputar vitórias tanto dentro quanto fora dos
gramados: rasteiras nas negociações, declarações e acusações polêmicas de ambos
os lados e torcidas que, muitas vezes, trocam a rivalidade pelo puro ódio ao
oponente apimentaram a relação e tornaram as batalhas cada vez mais comemoradas
pelo lado vencedor.
“Clássico
é clássico e vice-versa”. Esse divertido jargão boleiro resume bem o que é essa
partida peculiar. Duas equipes, normalmente equivalentes, senão tecnicamente,
mas sempre historicamente, desenvolvem, no decorrer dos anos, uma rivalidade
que ultrapassa, e muito, as barreiras triviais de disputa dentro das quatro
linhas. O futebol está longe de ser um esporte justo e um clássico é disputado
por times muito semelhantes e, muitas vezes, a superioridade demonstrada por um
dos lados, seja no volume de jogo, na técnica ou na vontade, termina derrotada
devido a um lance isolado de bola parada ou jogada individual.O primeiro “clássico dos clássicos” de 2012 foi disputado na Ilha do Retiro, no
último domingo. Em campo, não só as duas principais equipes do Estado na
atualidade, apesar do tricolor do Arruda ser o atual campeão, mas um embate que
poderia selar uma marca histórica para o Sport: 17 partidas sem perder para o
rival jogando em seus domínios, batendo o recorde anterior que pertencia ao time
de Rosa e Silva. Para o Náutico, valia a chance de aumentar a vantagem sobre o Leão
e manter seu recorde histórico. O time alvirrubro ainda estava engasgado com a
subida do Sport para a série A na última rodada da segundona, que culminou em
por uma dose extra de água na festa da equipe de Rosa e Silva, que já tinha
confeccionado camisas com a frase: “Pra série A, sou eu quem vou”.
Mais de 25.000 pessoas viram um início avassalador da equipe da casa que
construiu uma vantagem de 3x0 em pouco mais de 13 minutos, deixando o Timbu
completamente atordoado. Nem o mais fanático e otimista torcedor rubro negro
poderia imaginar uma equipe tão eficiente, pois o Sport vinha de um início de
campeonato vacilante, empatando com o Araripina, no Chapadão do Araripe e com o
América - de Larissa Riquelme – em plena Ilha do Retiro. Por outro lado, o time
alvirrubro tinha a melhor campanha com quatro vitórias em quatro jogos e a
defesa, perdida no começo do embate, ainda não tinha sido vazada uma vez
sequer.
Não obstante essa atitude diferente durante boa parte do jogo, a verdade é que
clássico “só termina quando o juiz apita” e o Náutico fez valer o peso de sua
camisa e diminuiu com um golaço de Souza cobrando falta ainda na primeira
etapa. Mas, veio o segundo tempo e a cereja do bolo do Leão foi colocada pelo
zagueiro Tóbi, quando marcou um gol espetacular de voleio, aumentando novamente
a vantagem para três gols. A equipe da casa passou a administrar a partida e os
visitantes partiram para cima e ainda fizeram mais dois gols que, se não foram
suficientes para evitar a derrota, mostraram que o Timbu pode até estar ferido,
mas não deixa de lutar um minuto sequer.
Tóbi comemora o gol que deu a vitória ao Sport
Um clássico com sete gols é sempre inesquecível, principalmente no
começo da temporada, quando os clubes ainda estão buscando o aprimoramento
físico e técnico. O Sport demonstrou estar bem com relação ao primeiro, mas no
que diz respeito ao segundo ainda há muito trabalho a ser feito. Apesar de uma
folha salarial astronômica para os padrões pernambucanos, o time não está
acertado, dependendo muito de boas atuações do meia Marcelinho Paraíba, que no
alto dos seus 37 anos não conseguirá manter um nível elevado em todas as
partidas. A chegada de Marquinhos Paraná poderá ajudar; no entanto, é preciso o
técnico Mazola reavaliar a postura do time e não tentar ser o professor pardal
e colocar lateral no meio, atacante na lateral, volante na lateral. Já diz o
ditado que “treinador que não atrapalha, ajuda”.
A verdade é que, além da vitória, o Leão da Ilha manteve a freguesia do Timbu
em dia jogando no Adelmar da Costa Carvalho. Mas esse freguês não teve razão
nenhuma em suas reclamações contra a arbitragem da partida, que foi muito
elogiada por toda a crítica especializada. O único lance de erro, que poderia
mudar o placar e o rumo da partida, cometido pela turma do apito foi o do
auxiliar Erich Bandeira que não deu um impedimento do atacante Siloé, que quase
resulta em gol do Timbu não fosse a defesa de Magrão.
Assim como o Real Madrid contra o Barcelona, o Náutico tenta desviar a atenção
pela sua incompetência em bater o rival para assuntos extra campo, como
denúncias de suborno e depredação do ônibus da delegação alvirrubra, que fora
causada pela sua própria torcida que derrubou as grades de proteção da Ilha do
Retiro. Aliás, de mesma forma que o time da capital espanhola, o Timbu não
consegue manter seu equilíbrio emocional quando vai enfrentar o Sport. Os
alvirrubros podem pressionar e jogar melhor, mas um único estalo do time rubro
negro é preciso para furar o gol adversário e jogar uma pressão extra, posta
pelos próprios jogadores e torcedores, nos ombros dos atletas em campo. A
choradeira do perdedor faz parte do circo do futebol e serve para alimentar as
provocações dos adversários. A glória só dura até o próximo clássico que será
na Rosa e Silva e os atletas do Náutico já avisaram que essa derrota “vai ter
volta”. É esperar pra ver.