segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Sobre futebol e carnaval



Já dizia Simonal: "Brasil está vazio na tarde de domingo, olha o sambão, aqui é o país do futebol!". Foi-se o tempo que concordei com ele. Não tenho mais tanta convicção que somos o país do futebol; talvez tenhamos sido algum dia, mas vejo outras nações muito mais apaixonadas pelo esporte que nós. Temos os nossos vizinhos argentinos que não me deixam mentir.

Para ser bem sincero eu vi muito mais times e peladas na rua em Buenos Aires, do que em qualquer cidade do Brasil que já visitei. Argentino discute futebol e fala não só da liga local, mas discute e conhece futebol do mundo todo. Pergunta a um brasileiro o que ele acha do campeonato argentino; ele provavelmente conhecerá três ou quatro times por conta da Libertadores e nada muito além disso. 

Brasileiro, em geral, gosta é do seu time! Ele é apaixonado pela sua equipe de maneira impar, mas grande parte do público não liga muito para o resto  das agremiações, salvo aquelas rivais pelas quais muitos torcem contra. Eu tenho certeza é que somos o país do carnaval! Nenhuma outra festa popular tem a adesão que a folia de Momo. 

Não sei se trata de uma visão pernambucana demais, onde a festa marca o início efetivo do ano. As coisas até lá são levadas em banho-maria até que o maior feriado do Brasil chegue. A frase "O ano começa depois do carnaval" é a mais pura verdade. Recife e Olinda, por exemplo, "respiram" o carnaval desde dezembro, quando os ensaios dos blocos e algumas prévias já começam a pipocar.

O anseio pela festa é tanto que as semanas que antecedem são lotadas de blocos de bairros e festas privadas sempre lotadas, isso sem falar da semana pré, na qual a folia começa imediatamente após o expediente. Não tem São João, Semana Santa ou nenhuma festa que se compare ao grande evento de Momo. O folião gosta de tudo; pode vir frevo, maracatu, ciranda, axé, samba, swingueira, que o molejo do pé não se perde.

O torcedor, por outro lado, não tem essa paixão generalizada. Quantos torcedores não santistas saem de casa para assistir uma partida de Neymar, Forlan e Seedorf? Este último inclusive está se acostumando a jogar para públicos ínfimos. Torcedor vai para o estádio ver seu time e uma minoria gosta deste cômputo geral. Pode até ver pela televisão, mas normalmente é de alguma equipe pela qual tem simpatia. É raro ver um jogo pelo simples prazer de gostar do esporte.

O folião pouco se importa se estava acompanhando um samba de ladeira, porque se na esquina seguinte vier um bloco de maracatu ele vai atrás do mesmo jeito. Não que lhe falte fidelidade a um ou a outro, mas a questão é outra. O carnaval é multicultural e hoje temos até Djs internacionais na festa. Já o futebol não tem esse apelo, pois a paixão que o torcedor a um clube é a mesma que o separa do resto.

Eu não tenho muita dúvida que os 5 dias de folia carnavalesca são mais aproveitados e adorados que os 360 de bola rolando. Não venham me dizer que SE o Brasil fosse celeiro de craques como Inglaterra e Espanha, os torcedores iriam mais aos estádios, mesmo que de outros times. Eu continuo com minha certeza que não. Poderiam haver turistas ou algum aficionado esporádico, mas  no geral não seria muito diferente.

É fato que durante os 90 minutos esquecemos a casa e o trabalho, a vida e a cama ficam lá fora das arquibancadas, mas isso não nos torna o país do futebol. Eu concordo quando se diz "Domingo, eu vou para o Maracanã, vou torcer para o time que sou fã". O espírito é esse, gostamos dos nossos times. Podemos ser o país dos torcedores mais fanáticos, não sei, mas com certeza não somos o país do futebol. Somos sim o país do carnaval!

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