sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Prevenir para não remediar

A grade não aguentou a avalanche da Geral



A tragédia em Santa Maria(RS) é, de fato, uma verdadeira tradução do gênero dramático a qual dá significado, pois o mesmo, normalmente, termina em morte do protagonista ou de entes queridos, este último sendo a cena vista repetida e incansavelmente desde o último sábado de madrugada.

Esta catástrofe foi causada pela irresponsabilidade não só do dono da casa noturna, que não tinha saída de emergência adequada, possuía extintores falsificados e seguranças sem comunicação, mas também do músico, que acendeu um sinalizador sem antes se informar e se preparar sobre o uso fogo em locais fechados, da Prefeitura, que não exerceu seu poder polícia e sua superioridade administrativa para fiscalizar, advertir, ou até mesmo fechar o local , e das autoridades de segurança como o Corpo de  Bombeiros, cuja ineficiência permitiu um local funcionar mesmo com a licença vencida.

O fato abriu os olhos de autoridades, pelo menos por enquanto, para a questão da segurança em locais de aglomeração de público. Todavia, isso tende a ser esquecido muito rapidamente. O que aconteceu com as autoridades baianas que permitiam a antiga Fonte Nova, cuja arquibancada cedeu e matou  nove pessoas, funcionar sem uma fiscalização adequada? Eurico Miranda ou a CBF foram criminalmente penalizados pelos incidentes em São Januário na final da Copa João Havelange? A resposta é um sonoro e desestimulante NÃO!

Assim como a boate gaúcha, muitos dos nossos estádios de futebol e ginásios esportivos não tem condições de segurança adequadas para os dias de hoje. Talvez não a tenham desde sua construção, mas com o "jeitinho brasileiro" conseguem manter seus alvarás em dia.

Me recordo claramente quando, em 1994, eu fui acompanhar o Sport em um clássico contra o Santa Cruz no Arruda. Jogo truncado, decisão de turno; um clássico como sempre deveria ser; emocionante. No intervalo, surgiu um boato de que a arquibancada superior ia desabar. Foi o estopim para momentos de desespero. Sem saídas de emergência para um estádio grande e escadas estreitas, a solução da maioria para se salvar foi de pular o poço e ir para o gramado. 

Por alguma obra divina não houve grandes brigas entre os torcedores no campo, mas até hoje a estrutura não teve modificações significativas e a saída continua complicada. O Santa Cruz é o time que tem a maior média de público do Brasil e eu não quero, nem de longe, imaginar alguma tragédia por lá. O José do Rego Maciel, que tem capacidade para 60 mil pessoas, já recebeu em um jogo Santa Cruz x Náutico 99 mil pagantes. Onde estão as autoridades nessa hora?

Quando os torcedores (se é que podemos chamá-los disso) do Grêmio atearam fogo em banheiros químicos no Beira-Rio, quanto tempo demorou até que a situação fosse controlada? Falando em Grêmio, a avalanche no jogo contra a LDU poderia ter acabado em tragédia e quem vistoriou e liberou a Geral a fazer aquela comemoração sem ter condições/estrutura? Ainda bem que não houve maiores danos aos que se machucaram ontem na Arena do Imortal tricolor, mas não haverá uma responsabilização de quem liberou?

Infelizmente, no Brasil, temos a cultura de nos preocuparmos (isso é uma generalização, não vale para 100% das pessoas) com as coisas depois que algo acontece. É o caso da boate, como já foi o com o jet ski, com adolescentes dirigindo sem carteira nas praias, entre muitos outros. A mudança da nossa sociedade não depende das autoridades ou da população diretamente, mas de cada um, nas suas atitudes diárias. A nossa demagogia é forte e voltaremos a discutir isso na próxima tragédia, espero eu que com menos vítimas. Que Maria, a santa mãe de Deus, tenha misericórdia por todos os que partiram.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O suprassumo da incompetência



Dizem os provérbios populares que quanto maior a altura, maior a queda e isso se aplica a muitos clubes do mundo. O Brasil, claro, não está fora desta lista e o Flamengo é o maior exemplo que a incompetência não tem limites. Os índices de crescimento do bom gestor são previsíveis (dentro de uma margem obviamente), mas quando o negócio é tocado de qualquer jeito ou como a extensão da casa do administrador as catástrofes são sem tamanho e de consequências imprevisíveis.

O time carioca recebe centenas de milhões de reais por ano, mas vive eternamente com uma corda no pescoço, muito devido à bagunça administrativa que reina nos últimos 30 anos na Gávea. É inconcebível uma agremiação ser tão bagunçada a ponto de conseguir a proeza de perder Ronaldo Fenômeno, que treinou um bom tempo no clube, Ronaldinho Gaúcho, que conseguiu na primeira instância da Justiça carioca o reconhecimento de uma dívida milionária do clube com ele e ainda por cima contratar Adriano, mesmo depois da demonstração de falta de respeito do Imperador com o Corinthians.

O Flamengo se propôs a gastar 15 milhões de reais para repatriar Vágner Love ao mesmo tempo que devia meses de salários atrasados aos atletas que estavam integrados no grupo. Como pode não ter dinheiro para uns, mas sim para um outro, que ainda por cima viria com vencimentos milionários? Eu não consigo entender; o Flamengo deve ter alguma áurea mística que atraia jogadores para lá, porque pelo simples objetivismo e pela credibilidade financeira, jogadores da Série C estariam recusando de todo o jeito propostas do Urubu carioca.

Como é que pode um time receber tanto dinheiro e ter dívidas milionárias com a Receita Federal, com a Previdência, sem contar as trabalhistas? Romário e Vanderlei Luxemburgo receberam (ou ainda recebem) verdadeiros salários mensais relativos a dívidas quanto a salários atrasados. Eu posso até entender que um clube cujo investimento é milionário possa ter dívidas grandes, mas que elas não sejam uma bola de neve incontrolável e tomem boa parte do dinheiro que serviria para os projetos atuais.
 
A desorganização é tanta que o Flamengo não tem um centro de treinamento de referência, tampouco conseguiu viabilizar a construção de um estádio próprio, não tem uma equipe de preparação do nível de um clube que o Flamengo se supõe ser e recorrentemente vê jogadores se mostrarem mais poderosos que dirigentes.

Zico e Zinho, dois ídolos do clube, foram publicamente massacrados por não conseguirem domar as feras na jaula do Urubu. Faltou apoio do Executivo, o respaldo necessário foi jogado na lama em troca de boa imagem pública dos dirigentes; aliás, torcedor em cargo de direção. É aquele famoso caso de "jogando para a torcida", o dirigente protege o craque, que é querido pela torcida e queima a fita do gerente, que quer colocá-lo nos trilhos.

 Vanderlei Luxemburgo, que é um treinadores mais vitoriosos do Brasil, foi colocado pra fora do rubro negro por desentendimentos com Romário e Ronaldinho Gaúcho. Os dois jogadores, aliás, colocaram o Flamengo na justiça por não pagamento de salários. Ou seja, os dirigentes pouco se preocuparam em como administrar esses craques em vários sentidos; só os colocavam na vitrine para serem admirados pelos torcedores, que tinham a impressão (vista de fora) que o trabalho era ótimo.

A bagunça generalizada que reina na Gávea sempre tem um "salvador da pátria da nova gestão", mas o "Estado" coronelista, com verdadeiros feudos impede um gestão mais profissional e meritocrática. Sempre que um presidente não vai bem aparece um opositor cujo "choque de gestão" vai recolocar o Flamengo no seu devido lugar, todavia o discurso (e talvez a vontade do dirigente) não consegue transpassar as barreiras de antigos caciques que ainda acreditam comandar uma aldeia.

Toda essa confusão, no final das contas, pode até ser prejudicial ao clube, mas é muito benéfica ao futebol brasileiro. Se o Urubu fosse organizado, tivesse um planejamento correto seria de longe o clube mais rico do país, com recursos milionários que possibilitariam investimentos megalomaníacos, como os do Corinthians, que está em um caminho que poderia ser facilmente o do Flamengo. Não seria possível competir com o rubro negro carioca e o futebol brasileiro sofreria com um domínio nunca antes visto na história desse país.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Líquidos Imiscíveis



À época em que eu estava no segundo grau do ensino médio, cujo nome hoje já deve ser bastante diferente, me lembro bem das aulas de química, tendo em vista que eu almejava o vestibular de medicina. O tempo passou, mas as aulas do professor Iran nunca foram esquecidas e lendo sobre futebol e política me veio à mente que são como os líquidos imiscíveis das minhas aulas de químicas: podem até ficar no mesmo recipiente, mas não vão se misturar.

Não que o futebol esteja alheio às práticas políticas, mas a política antiga feita na base da pura troca de interesses pessoais talvez tivesse espaço na época em que os clubes tinham seus coronéis que tratavam as agremiações como o quintal da sua casa; deixavam os cachorros acabarem com quintal e depois largavam de mão. Não havia responsabilidade de gestão e muitas vezes os presidentes dos clubes também ocupavam cargos políticos de deputados e senadores. 

A administração do futebol, por ser uma atividade pública, mesmo que os clubes sejam privados, está  ligada ao conceito de política, mas àquela feita com base nas relações de administração da polis. Os "cidadãos/torcedores", atualmente, exigem respeito e atuação digna de quem estiver exercendo a chefia executiva do seu esquadrão. 

Da mesma forma que a Administração Pública evoluiu do Patrimonialismo, passou pela escola Burocrática e atualmente, mesmo sem abandonar por completo as anteriores, entrou na fase Gerencial de maior responsabilidade do e para o administrador, o futebol passou do coronelismo para os gestores profissionais em um piscar de olhos, mas ainda de forma muito desordenada.

Ao mesmo tempo em que o Corinthians evoluiu sua administração da tirania Chavista de Alberto Dualib e passou por remodelação completa na era Andrès Sanchez, que colocou o time do bando de loucos na rota de se tornar, em poucos anos, o maior clube do Brasil em todos os aspectos, o Flamengo retroage à época colonial e o clube de maior torcida do Brasil é tratado como um feudo medieval em pleno século XXI.

 A CBF padece do mesmo mal que o rubro negro carioca. Depois de ignorar por mais de 20 anos a democracia com sucessivas reeleições de Ricardo Teixeira sob condições muitas vezes obscuras e após escapar do voo da muamba e de uma CPI, o cacique não resistiu à uma chuva de denuncias envolvendo seu nome no comitê gestor da Copa 2014 e saiu do comando da entidade no papel, porém deixou José Maria Marin, seu vice, para comandar os nebulosos esquemas da Confederação.

O tipo de política praticado por Teixeira, Marin, Marco Polo Del Nero, Eurico Miranda e muitos outros não se mistura com o futebol; pode até ficar no mesmo recipiente, todavia cada qual no seu lado e tendo em vista que o poder da política em grande parte das vezes prevalece, o futebol é quem sai perdendo e paga o pato. O resultado é um calendário diverso do que é feito no resto do mundo, clubes com dívidas estratosféricas, estádios velhos (teremos 12 arenas, mas e o resto?), gramados em estado deplorável, torcedores tratados feito bicho, jogos de qualidade técnica baixa, dentre muitos outros.

O futebol brasileiro precisa olhar para o que está sendo bem feito mundo afora. Não é nem um pouco admissível que o campeão da Libertadores tenha uma premiação menor de um time  que não passou sequer da fase grupos da Champions League. Estamos fazendo o tipo errado de política; os arranjos tem que fortalecer o esporte e não explorá-lo puramente como uma interminável minha de ouro.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Síndrome de Barrichello



Se eu fosse um pesquisador da área esportiva ficaria rico (ao menos intelectualmente, eu espero) patenteando e publicando sobre a Síndrome de Barrichello. Na verdade essa mazela assola esportistas há muito tempo, mas o piloto brasileiro que dá nome a ela representa de forma "exemplar" o atleta que poderia ter sido algo mais se não fosse um contemporâneo genial.

O piloto brasileiro poderia até ter sido campeão em 2002 e 2004, quando ainda corria pela Ferrari e ficou com o vice campeonato, 29 pontos à frente de Jenson Button, então piloto da extinta BAR. Barrichello perdeu, na verdade, durante 5 anos seguidos para Michael Schumacher, o maior vencedor da história deste esporte a motor.

Não que Rubinho tenha um talento especial e ele seja (ou tenha sido) genial; longe disso, mas o fato é
que ele foi menos reconhecido do que poderia e virou até piada muito em fato de ter vivido na sombra do super campeão alemão.

Outros grandes já padecera deste mal. Ademir da Guia era um camisa 10 primoroso, mas O cara da época era um tal de Pelé. Ademir foi maestro do Palmeiras, todavia seus voos não foram mais altos devido ao rei. Quem tiraria sua majestade do seu trono? 

Cristiano Ronaldo padece da mesma maldição. Se não fosse a existência de Lionel Messi ele poderia até ter sido melhor do mundo mais uma ou duas vezes, mas seu destino é viver à sombra do argentino. 

Eleito pela quarta vez o melhor jogador de futebol do mundo, Messi não encontra ninguém que possa sequer igualar os seus feitos. Ronaldo é um craque inquestionável acima de 99,99% dos atletas em atividade, todavia ainda está um bocado abaixo de "La pulga".

Falar do argentino, criado desde o inicio da adolescência em Barcelona, sem cair na mesmice é muito complicado. Um craque com uma qualidade técnica invejável e que ainda tem 25 anos, diga-se de passagem. É certo que a curva para o ápice dos atuais atletas de ponta no futebol é os 26 anos é de se esperar que ele nos próximos anos seja menos espetacular que neste, quando ele marcou "apenas" 91 gols.

Mesmo que ele caia, para perder o posto que ocupa atualmente será necessária uma reviravolta grande, porque os que estão atrás (e a distância não é pequena) tem que, no mínimo, manter o mesmo nível. Todavia, observando o profissionalismo do barcelonista e sua "secura" em entrar em campo e se dar ao máximo é difícil, por mais voltas que dê o mundo da bola, ver um cenário diferente do atual.

Eu sinceramente tenha pena do genial, narcisista e fanfarrão Cristiano Ronaldo. O cara também joga muita bola. Se tirarem os telões do estádio acho que ele joga mais ainda, porque perde menos tempo se admirando. Não me agrada jogador que faz muita firula, mas é certo que o camisa 7 do Real Madrid é decisivo, principalmente em jogo que não vale tanta coisa. Decidir não é o forte do cidadão; não que ele não decida, até porque foi ele quem resolveu a Copa do Rei da Espanha em 2012.

Não obstante, perdeu um pênalti decisivo pelo Real contra o Bayern que terminou tirando o time espanhol da Champions League. Isso sem contar os inúmeros clássicos Barcelona x Real Madrid nos quais ele simplesmente sumiu! Para ser o melhor do mundo tem aparecer é nessas horas.

Da mesma forma que só existe um Michael Jordan no Basquete, um Anderson Silva para o UFC, não há espaço no olimpo do futebol para dois. O trono é para um rei, que para o bem do futebol e desgraça de alguns brasileiros e dos amantes de CR7, que atende pela alcunha de Messi. O Ronaldo português só vai sentar em um trono nos próximos anos se decidir virar rainha, se nacionalizar brasileiro para não desistir nunca ou incorporar o espírito de Joseph Klimber.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Saudações aos Alvirrubros

Desde a vitória sobre o Sport, que fechou o caixão rubro negro e mandou o rival para a segundona, a torcida do Náutico não para de comemorar. Os timbus tem que realmente comemorar, porque faz 44 anos que não disputa uma competição continental e a vitória sobre o Sport classificou o Náutico para jogar, pela primeira vez, a Copa Sul Americana.

Uma das coisas que mais faz parte é a brincadeira, a tiração de sarro com o rival derrotado e rebaixado, mas quando as comemorações pelo insucesso do rival passam a ser mais celebrados que o triunfo do seu próprio time aí eu começo a ver alguns problemas.

O Náutico é um time que tem uma história de um passado muito vitorioso, sendo o único de Pernambuco a conquistar seguidamente seis campeonatos estaduais, o famigerado e amplamente comemorado hexa, mas fazer disto a maior glória de um clube com mais de 100 anos e acredita ser grande é muito pouco. Um feito alcançado há mais de 40 anos e que serve como “argumento” toda vez que o torcedor alvirrubro não tem justificativa ou resposta. Ganhar seis vezes seguidas um campeonato disputado com outras duas equipes de nível semelhante é algo memorável (eu mesmo comemorei muito os dois penta campeonatos que EU VI o Sport ganhar).

O Sport quer superar a marca não para se igualar ao Náutico, pois é o alvirrubro que tem comer muito feijão com arroz para nos alcançar. Queremos é acabar com a arrogância tola de se vangloriar por um título estadual. Não que o torcedor do Sport não o seja, mas quando ganharem os mesmos troféus que nós, talvez possam nos calar, se não tivermos conquistado outros troféus de grande importância (o que, covenhamos, é pouco provável).

O pior é saber que muitos desses defensores desta grande sequencia de títulos estaduais não sabem quem foram os atletas que conquistaram tal êxito e, para piorar, não sabem nem em que ano foi. Para suprir esta lacuna, eu vos digo, meu amigos: foi em 1967 e os jogadores que participaram da maior conquista do Náutico são Lula, Valter Serafim, Aloísio Linhares, Gena, Valdemir, Mauro, Fraga, Limeira, Clóvis, Fernando, Zé Carlos, Rafael, Tadeu, Salomão, Ivan, Miruca, Paulo Choco, Edgar, Nino, Lala, Lulu, Aloísio Costa, Iaponã, Bita e Ladeira.

Depois do Timaço de Nivaldo e Bizu, o Náutico passou a descer a ladeira vertiginosamente e o Sport fez o caminho inverso e só fez subir. A rivalidade, que nunca foi pequena, cresceu e, não sei se motivado por inveja ou um sentimento do rico que fica pobre da noite para o dia, os alvirrubros passaram a ter como missão torcer mais contra o Leão que a favor do seu próprio time.

Talvez essa seja uma das razões para a esquadra da Rosa e Silva ter passado 11 anos sem conquistar nenhum título, apenas o penta vice-campeonato pernambucano, que claro não é comemorado pelo torcedor. Depois disso, conquistou os títulos de 2001, 2002 e 2004; e de lá para cá nada. Resumindo: de 1990 até 2012 (22 anos) foram 3 títulos conquistados pela camisa alvirrubra, um rebaixamento do Sport e duas não conquistas de Hexa pelo próprio rubro negro, sendo uma evitada pelo Timbu e outra pelo Santa Cruz.

Eu entendo que uma torcida cuja glória é torcer contra o adversário, que ela considera um inimigo, comemore tão efusivamente e, mais do que sua classificação para uma competição sul americana, a desgraça do rival. A comemoração nos Aflitos teve uma cereja, mas faltou o principal, um troféu.
Eu, na qualidade de torcedor do Glorioso, Vitorioso, Gigantesco e Maior campeão do Estado, Sport Club do Recife, não consigo entender como se vibra mais contra o outro que a favor de si. Meu time me dá muitas alegrias. 

Nos meus 32 anos, vi o Leão levantar 3 troféus nacionais, 2 da Copa do Nordeste, 18 campeonatos estaduais, incluindo dois penta campeonatos. Ou seja, eu normalmente estive comemorando e não amargando decepções e nunca tive tempo de me preocupar com o time alheio; a grandeza do SPORT CLUB DO RECIFE me basta e com ele estarei para o que der e vier.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Amarelo riqueza ou medo?

O amarelo da nossa bandeira representa o ouro e a riqueza da nossa terra. Ouro esse que quase não há mais, depois de décadas de exploração extenuante. A riqueza abundante não só em recursos naturais, como também culturais, é um dos maiores orgulhos do povo tupiniquim.

Não obstante, esse mesmo amarelo veste, frequentemente, nossos atletas mundo afora e parece condizer mais com as, não raras, “amareladas” que eles dão em momentos cruciais.  Não se pode, obviamente, pegar um pessoal, cuja dedicação é muito grande a despeito da falta de estrutura e apoio para treinamento físico e mental, colocar na cruz e crucificar porque seu desempenho não foi condizente com sua grandeza.

Não se vai dizer que o desempenho de Diego Hypólito,  César Cielo e Fabiana Murer não foi decepcionante, porque, de fato foi, e muito. A grande questão é até quando vai se crucificar aqueles poucos que conseguiram atravessar as barreiras da falta de apoio e de um projeto sério de esportes olímpicos?

Ora, o Brasil até poderia ter conquistado mais medalhas, mas talvez fosse tudo aquilo que a politicagem poderia querer, não só por ser ano eleitoral, mas também pelo fato do Rio, desde já, ser a nova capital olímpica mundial.

A verdade é que os nossos cristos (talvez) sejam os menores culpados pelo fracasso em Londres. Por pouco não ficamos atrás das "nações" Bolt e Phelps, então não pode esperar que o talento apareça do nada e, a partir daí, se tome alguma atitude. Atletas são fabricados, não nascem em árvore; a China é uma prova disso (sem entrar no mérito do como isso é feito naterra de Mao). Há quanto tempo Robert Scheidt e Hugo Hoyama competem pelo Brasil? Quem está aí para sucedê-los e/ou substituí-los?

O boxe fez bonito, mas se em 2016 não ganhar nada, a saraivada de críticas não tardará a chegar. Não se vai olhar o que os fez chegar longe em Londres, se foi talento, sorte, boa preparação ou a junção disso tudo; o que se quer é resultado, mesmo que não haja uma preparação para tal.

Não se pode jogar para um ou dois atletas de um esporte o peso e a esperança de uma nação. A responsabilidade precisa ser dividida, até para que os melhores possam se sobressair. A maior decepção não foram as amareladas dos nossos atletas, que também tem uma parcela boa de culpa, mas de dirigentes, torcedores e “experts”, que os fritaram  sem dó nem piedade.

As redes sociais andam cheias de “enquetes” perguntando quem foi a maior decepção das Olimpíadas de Londres 2012. Decepcionanteé a atitude do brasileiro, que raras vezes, aplaude a derrota. Talvez, uma prata não signifique ser o primeiro dos últimos, mas o primeiro dos demais, ou alguém acretida, por exemplo, que se poderia realmente vencer Usain Bolt?

sábado, 7 de julho de 2012

O campeão dos campeões

Acabou a gozação! O Corinthians conquistou a América. E não foi uma vitória qualquer, mas derrotando o temido e poderoso Boca Juniors da Argentina. A campanha incontestável fez descer goela abaixo, e a seco, todo o orgulho que todos os outros rivais paulistas tinham no fato do alvinegro mosqueteiro ser “apenas” um gigante caseiro.


Alessandro levantou a taça mais deseajda das Américas
Mas tudo começou em 2010 quando o então presidente Andrés Sanchez contratou não um treinador, mas um comandante agregador, que soube lidar com uma eliminação muito precoce contra o Tolima (VEN) na fase pré-grupo da Libertadores em 2011. Para falar a verdade, foi um mérito geral: da presidência que não demitiu o técnico, apesar da pressão e de muita especulação, dos jogadores que “fecharam” com Tite e do próprio para com todos que confiaram em um trabalho mais a longo prazo.

O Gaúcho de voz serena fez os atletas entenderem que o mérito por suas atuações em campo, como sua atitude fora dele, seria fundamental para estarem entre os 11 guerreiros que defenderiam na prática a camisa corintiana. O alto investimento em atletas como Alex, Danilo e Liedson valeu a pena e o Timão conquistou não só a Série A em 2011, mas o direito de voltar à maior competição do continente em 2012.

Muitos especialistas apontavam o Santos, comandado por Muricy Ramalho e puxado pelas estrelas Neymar e Ganso como o maior candidato ao troféu da Libertadores 2012. A Universidad de Chile, que apresentou a Copa Sul americana 2011 um futebol de encher os olhos e o Boca como as grandes forças estrangeiras.

Para o Corinthians sobrava a obsessão por um título que teimava escapar. E como para o bando de loucos qualquer sofrimento é pouco, não faltaram eliminações trágicas como para o próprio Tolima no ano anterior, como para o River Plate em 2006, que culminou na saída de Carlos Tevez do Parque são Jorge.

O desempenho do time nunca foi sensacional como fora o Santos em 2011. Jogos sempre duros, complicados sendo vencidos, na maior parte das vezes por placares com diferença de 1 gol apenas. Mas se assim não fosse não seria Corinthians.

O alvinegro passou por Nacional(PAR), Deportivo Táchira(VEM), Emelec(QUE), Cruz Azul(MEX), Vasco e Santos antes de os xeneizes de Buenos Aires. Os dois brasileiros não eram times quaisquer; o primeiro brigou ponto a ponto com o próprio Corinthians pelo título nacional e o segundo era o atual campeão da América.

O curioso é não há um grande craque sequer em todo o time. A força do conjunto tem sido muito maior que qualquer estrela intergaláctica. A dupla Ralf e Paulinho é de um entrosamento e de um autoconhecimento que beira o absurdo. Sozinhos nunca foram badalados; aliás, sequer tiveram alguma relevância que merecesse destaque. Jorge Henrique é um operário de suma importância para o ataque, que não possui homem de referência.

Cássio entrou no meio da competição e fez o torcedor lembrar-se de paredões como Ronaldo e Dida. A segurança de um arqueiro com cara de Hermano deu mais tranquilidade a todo o setor defensivo cujas raras falhas não chegam a comprometer.

De um clube puramente populista a um gigante da América, a trajetória em ascensão do Corinthians deu seu passo inicial quando o time caiu para a segunda divisão e todo o processo passou a ser reformulado. A mudança de mentalidade mostrou que a continuidade, desde Mano Menezes, que só saiu para treinar a seleção, é uma chave fundamental para o sucesso de um clube que não se sabe até onde pode chegar. Vai Corinthians!