terça-feira, 27 de março de 2012

Até quando? primeiro ato


Até quando assistiremos a vândalos depredarem não só a segurança das nossas cidades, mas também vem manchando com o mais sanguinário vermelho o mais fantástico espetáculo que o Brasil tem: o futebol?

A segurança pública no Brasil é um grave problema social e isso não é segredo para ninguém. A ineficiência do Estado em organizar e cumprir o que manda a nossa legislação não é uma tarefa fácil e ao longo de vários anos de abandono e medidas demagogas a “bola de neve” cresceu a tal ponto que o controle ou até mesmo o cerceamento parece pouco provável.

Banir as camisas dos estádios não vai resolver problema nenhum até porque os indivíduos ainda estarão nas arquibancadas e, pior, continuarão a marcar encontros fatais para resolverem seus problemas nas ruas à base de pontapés, pauladas e, não raro, tiros.

Essas pessoas (cidadãos nem tanto) devem ser tratadas como bandidos, que realmente o são, e não como torcedores organizados. Por pior que seja nosso sistema penitenciário, jogá-los lá dentro parece uma medida emergencial necessária, porque o cidadão verdadeiro, que paga seus impostos e cumpre suas obrigações sociais, não pode ficar refém desses marginais.

Eu aprendi a amar futebol indo para o estádio com meu pai e me lembro de enquanto rolava o jogo eu brincava nas arquibancadas sem a preocupação de ter um marginal, ou um bando deles, ao nosso lado. A paixão pelo futebol deve ser adquirida ao vivo e não pela televisão. Uma parte do crescimento do Pay-per-view deve ser credenciada a essa violência desenfreada.

O exemplo do holliganismo inglês deve ser estudado e adaptado a nossa realidade; é claro que o problema não acabou e provavelmente não há uma solução definitiva para o problema. Sempre que houver duas pessoas dispostas a se esmurrarem com fundamento em qualquer coisa haverá algum tipo de conflito físico.

A questão é o espetáculo em si. O torcedor de verdade, que quer ir ao estádio, levar sua família, torcer, gritar e até falar mal seu time ou o adversário (dentro de um limite aceitável), porque isso faz parte da paixão despertada pelo esporte bretão. Não pode é esse cidadão ser alvo da polícia, por não existir um nível de organização minimamente aceitável e ele “brigar” por seus direitos, ao invés do bandido que marca hora para brigar.

A polícia brasileira desmonta verdadeiros esquemas de crime organizado com o tráfico de drogas e armas nos locais mais inóspitos, todavia não consegue prevenir ou reprimir confrontos entre torcedores rivais cujo local e hora são previamente e publicamente marcados. Muitas vezes me parece que deixam de propósito, não há o interesse público em tentar resolver esse problema.

De fato, ao ver no jornal a polícia “descendo a marreta” em alguém pode não ser uma medida política que vá abrilhantar a imagem pública dos governantes. Essas medidas demagogas e ocas de proibir que as organizadas entrem nos estádios soam muito melhor e o governante discursa sobre o seu compromisso com o bem de sua população e aparece como um salvador da pátria.

Até quando o povo brasileiro ficará refém dos marginais uniformizados e dos políticos puramente demagogos é uma pergunta cuja resposta é impossível de dar agora, porque o otimismo aliado a um quê de inocência sempre nos faz acreditar que um dia tudo vai mudar para melhor, mas quando será?

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